Confessionário

Eu tinha outra musa nos anos 80: a Lucinha Lins.

Passei boa parte da minha infância me dizendo fã número um da mulher. Tinha autógrafo no compacto da peça “Sapatinho de Cristal”, no livro da peça “Simbad de Bagdad” (uma com o Claudio Lins, filho dela, e a outra com o Cláudio Tovar, marido e companheiro de “LuPuLimPimClaPlaToPo”), e também tinha o compacto de “Atrapalhando a Suate”, filme com a Lucinha Lins e.. tantantan!! Os Trapalhões, assunto recorrente dessa semana. Mas não eram todos, o filme é da época em que o Didi havia deixado o grupo pra se dedicar a seus projetos solo, era só o Dedé Santana, o Mussum e o Zacarias. Tinha também uma música que falava em “Sair por aíííí.. fazendo xixi!” que era a coisa mais transgressora do rock nacional da época, pelo menos pra mim, menina de cinco ou seis anos, que cantava o refrão pra provocar reações mesmo.

A Lucinha Lins também participou daquele musical, “Verde Que Te Quero Ver”, que hoje tenho noção de quão cafonas eram os arranjos das músicas. Você não se lembra? Aqui tem uns samples das ilustrações do disco e do roteiro do musical.

Aliás, se por um lado eu só tenho a agradecer aos meus pais, que me incentivaram a gostar de música mas não ser uma simples apreciadora, e a pesquisar, por outro lado preciso dizer hoje, aos 25 anos e alguns meses, que eu odiava esse disco Jacaré Espaçonave do Céu.

“Verde que te quero ver” também foi transformado em peça de teatro, e quando eu estava na primeira série, Tia Márcia (todo mundo criticava a pobre da Danielle porque chamava as professoras pelo nome, e não de ‘Tia’, mas hoje eu vejo, ser chamada de Tia por um monte de criancinhas deve ser algo próximo ao inferno) levou a gente pra assistir e no dia seguinte não parava de falar do ator quefazia o índio.

Um desconhecido aí chamado Maurício Mattar.

Que podia ter continuado desconhecido.

Mas isso era no teatro, certo? O especial da Globo foi chocante, tinha até efeitos especiais – mas o que me fascinou mesmo foi o suvaco da Lucinha Lins, quando ela levantava o braço pra se espreguiçar e não tinha nada, ali.. sabe esses caquinhos de pêlo no suvaco que toda mulher tem, em maior ou menor escala? Ou quando é lisinho, mas por você depilar com cera o suvaco fica de uma cor diferente do resto do braço? Não. A Lucinha Lins tinha o suvaco perfeito, nossa, fiquei encantada.

Inexplicavelmente, o encanto diminuiu quando ela começou a trabalhar em Roque Santeiro.

No início eu a via na tevê e – aaahhh – era uma emoção sem par. Mas depois foi passando.. passando.. e passou.

Acho que eu queria ser como a Lucinha Lins quando crescesse. Mas as doses de realidade que fui tomando ao longo dos anos me tiraram essa idéia da cabeça. Não, não, nunca quis nada com a Xuxa, meu negócio era a Lucinha Lins. E, da Lucinha Lins aos sete, Nina Hagen aos oito e Madonna dos nove até hoje, não tive espaço pra Xuxa.

Uma pena.

Ser que nem a Nina Hagen era complicado na minha idade e com a minha constituição física.

Por acaso, hoje está bem mais fácil. Então tá, chega de memórias, vou ali me vestir de Nina Hagen e já volto.

* * *

Mencionei aqui que fui dj numa festa anos 60 ontem? Foi uma brasa, meu broto foi e ele estava um pão!

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