Depois de pouco mais de um ano, resolvi publicar Podcastinho novo. “Resovi” nem é bem a palavra: eu diria consegui.
O último ano não foi fácil. E como tenho sido bem econômica sobre minha vida pessoal no blog nos últimos anos (digamos que a gente nunca sabe o alcance que as coisas terão na internet e quem está lendo isso, então melhor evitar a fadiga), você só viu meu silêncio. Faz parte.
Pois aqui estou para falar de amenidades, como encartes de disco – uma arte que ainda sobrevive graças a gravadoras que cobram meio rim por um vinil novo do artista hype do momento, a projetos de crowdfunding, e a clubes de vinil que fazem tiragens limitadas para assinantes por um preço bem amigável e com uma curadoria excelente – sim, Noize Record Clube, estou falando de vocês.
E, vendo o encarte do recém-lançado “Letrux como mulher girafa”, pensei que os últimos anos têm me dado a alegria de perceber “ei, eu conheço esse fulano aqui”, “po, esse estúdio é ótimo”, “que barato, foi esse escritório que fez o design”, “olha, minha amiga nos agradecimentos”. Mermão, encarte de disco CREDITA OS AUTORES DE CADA FAIXA. Duvido seu serviço de streaming favorito fazer isso decentemente.
Não vou negar que existe uma comodidade em pagar uma tarifa mensal para ter acesso a um GRANDE catálogo de músicas e poder organizar como bem entendo. Mas também tem uma sensação boa de pegar aquele papel com aquele projeto gráfico lindo, um deleite para os olhos – um trabalho que deve ser valorizado – e ver, faixa a faixa, quem participou, quem escreveu, quem produziu.
E tudo isso com um tamanho de letra que pessoas com mais de 40 anos CONSEGUEM LER. Um beijo para você que tem presbiopia. Agora que passou, a gente pode falar: CD é uma mídia merda.
Andreas Huyssen, em seu livro Seduzidos pela memória (Aeroplano Editora, 2000), fala da cultura da memória e sugere “um crescente medo do futuro, num tempo em que a crença no progresso da modernidade está profundamente abalada”. Para Huyssen, “a cultura da memória preenche uma função importante nas transformações atuais da experiência temporal, no rastro do impacto da nova mídia na percepção e na sensibilidade humanas”.
No Podcastinho 008 eu tento falar um pouco sobre isso enquanto falo do meu amor pelos encartes de discos, mas eram quase 2h da madrugada e você sabe: Podcastinho é áudio de whatsapp – curto, grosso e sem edição, senão não faço.
E contém palavrão.
Ouça aqui:
Tem mais podcastinho aqui.
Um beijo e vamo que vamo, 2024.
Prometo (de novo) escrever mais aqui.