Sou workaholic. Sou produtiva. Penso rápido. Disperso com tanta facilidade que adotei uma série de ferramentas para me tornar uma pessoa 100% focada no trabalho, e aconteceu que virei um daqueles tratores de tarefas.
Um daqueles tratores de tarefas capazes de passar dois anos sem marcar uma consulta médica, que só percebem que tem algo errado quando vão para o hospital.
No meu último emprego, além do hiperfoco e da mania de não deixar nada pendente para o dia seguinte (afinal, era muita demanda, né? A gente sai fazendo…), tinha o agravante da outra cidade – ou seja: só o tempo que eu levava indo e voltando pra minha casa era o suficiente para não conseguir fazer mais nada da vida. Pra marcar um médico no meio da tarde era toda uma negociação de horários, porque eu era responsável por muitas coisas. O ideal era ser no final do expediente, mas o último horário era às 17h. E eu me atrasava porque fechava o que tinha que fazer. Que pira.
Aí saí de lá e me prometi, do fundo do coração, que não entraria nessa pira de novo. Que não negligenciaria minha saúde. Continuo um tratorzinho. Produtiva, criativa, hiperfocada. Mas na minha saúde, ninguém põe a mão.
Já contei pra vocês: emprego em Niterói oferece salário de estagiário, então tirei um CNPJ, montei um site oferecendo meus serviços e, junto com “explicar o que é consultoria em comunicação”, preciso explicar também que não, gente, freelancer não tem essa liberdade toda de fazer seus próprios horários. Depende dos horários de reunião que o cliente pode. Depende dos horários de banco. Depende dos horários de todo mundo. Depende até do horário que seu marido sai pra trabalhar, porque o despertador é um só, e se você sair pra ir pra praia de manhã, ele NÃO vai entender que você só foi à praia de manhã porque vai abrir mão do horário de almoço – porque, dependendo do cliente, você precisa prestar contas de horário,sim -, e vai jogar na sua cara o resto da vida que ele trabalha e você vai à praia.
E isso porque ir à praia, geralmente, significa uma venda de bambolê e uma nova aluna. Ou seja: é trabalho.
É, realmente, uma coisa linda, a vida de freelancer.
Mas, agora, o escritório é meu. E eu trato a minha funcionária – que sou eu – como eu gostaria de ser tratada: podendo marcar médico a qualquer hora do dia. Podendo meditar a qualquer hora do dia. Porque sem saúde ou qualidade de vida não tem trabalho de qualidade pro cliente.
Se eu não sei exatamente o dia que vou receber, minha saúde é prioridade, e isso inclui ir ao dentista, ginecologista, angiologista e endocrinologista quando eu bem entender (ou melhor, quando eles tiverem horário).
Se eu não vou receber rescisão quando meus serviços não forem mais necessários, eu vou tirar almoço de duas horas SIM (depois eu compenso).
Até porque se eu não recebo ticket refeição, eu vou cozinhar a minha comida. E vai ser uma comida saudável e fresca, então vou ter que tirar duas horas mesmo, para ir ao mercado, para cozinhar. Não, não vou me alimentar de miojo. Não todo dia. 😉
Se eu não recebo hora extra, vou começar a trabalhar às 9h, sim. E isso inclui acordar às 7h30, porque eu preciso de uma boa noite de sono. E se eu tiver que acordar antes, que seja pra cuidar da minha saúde.
Porque sem ela, não tem conteúdo de qualidade, consultoria de projetos e nem planejamento de comunicação pra cliente nenhum.
E como eu faço questão de manter a qualidade do meu trabalho e entregar o melhor para meus clientes, posso abrir mão de um monte de coisas, mas não de manter corpo e mente saudáveis.
(e ainda tem a bicicleta, que me leva pra qualquer lugar até o Centro do Rio)
E você?
Quais são os seus não-negociáveis na vida? Do que você não abre mão de jeito nenhum?
E como está sua saúde?
ai Lia… foi bom ler isso, viu… tô na fase de fazer de conta que a dorzinha no braço não tá aí, as panela dos dente estourando… bom te ler, bom te ler…
A dorzinha no braço, lá na frente, vira uma dorzona… é difícil mesmo parar, a gente entra na pira do trabalho (ainda mais se o que a gente ganha depende exclusivamente da nossa produtividade, né?), mas não pode não 🙁