Meu problema com o carnaval


(para ler ouvindo Pato Fu – “G.R.E.S.”)

Carnaval já está chegando e eu sempre odiei a data, por uma série de motivos.

Medo

Devia ser 1980 ou 1981, e a pequena Lia, recém saída da fase de bebê, passeava pelas ruas de Icaraí (devidamente acompanhada de um adulto responsável, claro). A pequenina, então, viu um monstro se aproximando. O monstro apitava, usava uma máscara horrorosa e só podia ter pacto com o demônio, porque estava com uma fantasia completa de bate bola  naquele calor (devia estar calor, né? Carnaval). O monstro devia ter uns três anos de idade também,  mas isso não importava. O que importava é que a garotinha abriu o berreiro e nunca mais achou graça naquela merda.

Solidão

“Não vai fazer festa?” “Não, minhas amigas estão viajando”.

“Desculpa eu ter furado no seu aniversário, Lia, mas sabe como é, né? Fui pro bloco, fiquei de ressaca…”

“Desculpa, Lia, mas com esse temporal… Você entende, né?”

Olha, o temporal é justificável. Ir pro bloco e ficar de ressaca não é desculpa. Enfim. O fato é que fazer aniversário dia 21 de fevereiro é certeza de contar com quórum reduzidíssimo nas comemorações por motivos de viagem ou ressaca – o que tem a ver com carnaval. A chuva não. A chuva é foda. Eu não sairia de casa também.

“Mas por que você não comemora no bloco também?”

Gente

Meio milhão de pessoas. Domingo de manhã. Debaixo de um sol do cacete. Desse meio milhão, 497 mil estão suados. Quem quer comprar uma água paga caro e não acha água tão fácil, rola fila do lado da tia do isopor. Tem que estar de porre pra achar isso divertido. Pelo menos uns 470 mil, bêbados e, como tal, desprovidos de noção de espaço e noção do outro. Nem quando eu era solteira eu curtia clima de pegação  – não é agora que vou gostar. Clima de “pode tudo só porque é carnaval”, clima de “liberar minhas fantasias”.

Me poupe.

Desnecessário

Exato. Já saio por aí na rua fantasiada de melindrosa, Carmen Miranda, “anos 50”, Mulher Maravilha, Princesa Leia, hipster do bambolê… aliás, desde pequena. Há fotos. Minha mãe, a melhor de todas, nunca disse que eu não podia. Resultado: meu guarda-roupa hoje é um verdadeiro acervo de figurino.

Não existe a menor necessidade de esperar o carnaval pra isso 😉

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