Nesse post aqui, lá no início do projeto, eu já cheguei ESCULACHANDO. Porque, claro, todas essas pessoas que dizem que você pode viver uma vida sem estresse, pode largar tudo pra se dedicar à culinária, à música ou a um blog de autoajuda (ahem!) têm um pé de meia que permite que elas façam isso, seja como investimento num novo negócio, seja como sustento por algum tempo até a nova vida dar certo.
Não que a nova vida não requeira uma mudança de padrão. Muito provavelmente, requer. Mas são pessoas que podem cortar viagens, empregada, se mudar pra um lugar com aluguel mais barato… convenhamos, eu já não viajo, já divido a faxina de casa com o marido e nem pago aluguel. Até poderia cortar um ou outro luxo, mas isso não seria suficiente pra garantir a sobrevivência do mês seguinte. Ou seja: bora viver de luz! Pensando bem… não era essa a vida que eu queria.
Mas, pensando melhor ainda, a vida que eu tenho agora é a vida que eu quero. Sabe por que? Porque, no geral, essas pessoas que largam tudo pra viver vidas completamente realizadoras têm a grana pra realizar seus sonhos, mas vivem à beira de um ataque cardíaco. Digo ‘no geral’, porque sempre tem um sortudo filho da mãe que simplesmente DEU SORTE, mas a maioria rala – e rala muito. Trabalham fins de semana, viram noites, têm trabalhos estressantes – são os que pagam melhor, né?
Eu não.
Meu trabalho tem uma carga de estresse normal – a bem da verdade, bem mais baixa do que quando eu trabalhava em tevê ou publicidade. Eu tenho os fins de semana só pra mim, eu chego em casa num horário decente. Eu não consigo me dedicar a aprender bambolê o suficiente pra viver só disso, ou dança, ou escrever meu livro. Mas será que eu quero largar tudo? Tenho uma vida legal. Um emprego bacana, que me paga direito, tenho uma banda, canto, faço aulas, namoro meu marido, passamos fins de semana com a família…
…largar isso?
Não sei se quero, não.
Talvez, realmente, ter um pouco mais de tempo pra vida pessoal. Mas isso depende puramente dos meus skills não muito funcionais de gerenciamento de tempo. Todo mundo quer a vida que um gato tem, né?
Eu tenho a vida que eu queria, que eu tou construindo pra mim. Sem estresse. Sem precisar largar tudo. Que bom.
E você?