Esse desenho do Felipe Guga ilustra muito bem o que penso sobre isso. Quando eu fazia análise, cheguei (a duras penas, mas cheguei, e foi ótimo) à conclusão de que a minha felicidade independia de outras pessoas ou circunstâncias, mas de mim mesma. Imagina, você tá lá, na merda, porque levou um pé na bunda. “Ele me fazia feliz”. MENTIRA. Ele fazia coisas pra você e você ficava feliz com as coisas que ele fazia. Entende a diferença? Ela fica mais clara quando você se lembra daqueles momentos em que tudo está bem e você está infeliz do mesmo jeito: você tem um emprego que todo mundo inveja, mas você não está satisfeito. Você tem uma mulher linda, inteligente, independente, incrível, um partidão, mas você não está apaixonado e, a bem da verdade, nem está muito feliz com o relacionamento. Não há nada de aparentemente errado na sua vida, mas você não está feliz. Então você entende que a felicidade está dentro de você, e isso é MÁGICO, porque te permite ser feliz mesmo quando a vida não está lá como você gostaria que estivesse (veja bem, se fosse um fator externo você estaria feliz quando as coisas estão bem e infeliz quando não estão, certo?).
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E aí vamos além. Porque, assim, você descobre que, na verdade, não é só a sua felicidade que está em jogo, mas tudo na sua vida. Sua vida é o que você quer que ela seja. Mais uma vez, difícil pensar nisso quando você está na merda, mas raciocina comigo:
Se você me disser “eu vim de uma família pobre e não tive oportunidade de estudo”, te respondo com algumas histórias verídicas de pessoas que se deram bem na vida – sujeito que pegou 12 reais emprestado, montou uma banquinha de balas e doces e ficou milionário dando palestra, um outro que dormia na rua e fazia uns bicos, mas as horinhas na lan-house pra estudar para um concurso foram cruciais para ter um emprego decente e uma casa, e por aí vai. Essas pessoas FAZEM. Saindo do campo das oportunidades, tem o irmão da minha amiga que tem down, é faixa preta de judô e acaba de rodar seu primeiro longa como ator. Tem aquelas pessoas que enfiam na cabeça que vão perder 60kg e não apenas perdem como mudam suas vidas, seus hábitos, encontram novos prazeres e até novas fontes de renda.
É tudo uma questão de determinação, de como você lida com sua vida, do quanto você realmente quer as coisas que você quer. “Ah, mas se hoje eu lido de tal forma com isso, é porque meus pais me criaram com liberdade/com restrições / me batiam / me deram amor demais / whatever”. BULLSHIT. Pare de ficar terceirizando a responsabilidade do que acontece na sua vida. Sim, você é produto da criação dos seus pais, e isso justifica muita coisa. Mas, ao mesmo tempo, você pode romper com esse cordão umbilical a qualquer hora que você bem entender, e usar a criação que você teve para justificar apenas a parte que você acha boa (“ah, eles me deram educação, por isso sou assim”).
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Ninguém controla sua felicidade, além de você. Ninguém decide sobre sua vida, além de você. E isso é mágico, porque te permite tomar as rédeas dos seus sentimentos, da sua vida. E aí tudo muda, se você quiser (eu, por exemplo, digo que adoraria perder uns 6kg, mas não vou abrir mão da sobremesa depois do almoço nem vou acordar às 6h pra correr na praia, então a real é que eu aceito que não quero mudar muita coisa na minha vida, que anda bem boa. quando quiser, mudo).
O comentário vai ficar grande…Grandes histórias positivas: eu mesmo perdi 40 kilos em um ano me baseando em dieta e academia. Uma prima estudou em escola pública a vida inteira e se formou em medicina que, além dos livros, necessita de de dedicação integral. Conheço vítimas de abuso sexual na infância que levam vidas normais depois de terem superado um trauma que muitos tem como insuperável.Querer é poder, mas para isto tem que definir metas, rever prioridades e usar da perseverança e resilência para sobrepujar as pedras do caminho… passar por elas com um sorriso no rosto, isto sim é para poucos."a dor é obrigatória, o sofrimento é opcional"… todo mundo vai passar por maus momentos… e algumas vezes terceiros vão conseguir roubar a sua felicidade. Digo roubar pois existem situações de verdadeira violência contra seus sentimentos. Perder uma pessoa querida vai sempre colocar vírgulas entre a felicidade. Principalmente se perde a pessoa em vida, para maus hábitos, para vícios e para doenças. Mas seguir em frente depois da dor e manter a vida sem sofrer mais que o necessário é onde mora a verdadeira essência da vitória. De simplesmente perserverar sobre os problemas e construir um castelo com as pedras do caminho.Mil beijos, ótimo texto como sempre.
"a dor é obrigatória, o sofrimento é opcional" — na verdade, o sofrimento vem junto com a dor, é assim mesmo, acontece. mas é bem isso que você falou: manter a vida sem sofrer mais do que o necessário. E o necessário, pra cada um, é diferente mesmo. Mas, ainda assim, o conselho vale: até onde é luto, até onde é ruminar algo que já acabou faz tempo? A gente precisa tentar entender isso.