Ainda sobre Buenos Aires, duas coisas me impressionaram, politico-economicamente falando.
A primeira é que lá os muros e prédios também são pixados, tal como aqui, mas você dificilmente verá aquela sujeira visual de assinaturas de demarcação de território: lá, há MUITAS mensagens políticas, como ‘Néstor vive!’, ‘Estamos con Cristina’, ‘Rojo hasta la muerte’, ‘Viva el peronismo’ e afins. Os argentinos ainda são muito traumatizados com a ditadura militar – diferente daqui, que só quem realmente se traumatizou foram os intelectuais de esquerda, gente que pegou em armas, levantou a voz ou se organizou em movimentos contra a ditadura, lá o couro comeu solto. O resultado é uma cidade (duas, aliás, já que Avellaneda também tem centenas de mensagens espalhadas pelas ruas) marcada até hoje por sua história política – a história recente e a história que os argentinos fazem questão de não esquecer.
Me pergunto o que os estrangeiros que chegam ao Brasil, mais precisamente aqui no Rio de Janeiro, percebem sobre a cidade pelo que ela diz.
A segunda coisa que me impressionou foi a crise da falta de dinheiro. Não é que a Argentina esteja em crise econômica, não mesmo. Pelo contrário, o consumo no país e o poder aquisitivo da população vão bem, obrigado, e só tendem a florescer. O problema é que a casa da moeda local não dá conta da produção de notas e moedas para abastecer o mercado interno, e o que se vê são enormes filas que dobram as esquinas em bancos, de gente que espera receber seu salário em dinheiro. Alguns milhões de pesos estão sendo impressos pela casa da moeda aqui do Brasil, mas somente em notas de cem. Nos estabelecimentos comerciais, pedem para facilitar o troco. Em casa, recomendam-nos de evitar dar moedas (senão não é possível pagar a passagem de ônibus, baratésima, aliás, mas paga diretamente numa maquininha engolidora de moedas de 1 peso).
* * *
Segue um ótimo guia para quem quiser ajudar as vítimas das enchentes e desabamentos na Região Serrana do RJ. Doações de sangue e de mantimentos, dinheiro, roupas, o que você conseguir está valendo. Vamos nessa, vamos ajudar. A coisa é séria e está, que bom, sendo tratada com seriedade (os postos de recolhimento estão sendo realmente eficientes, dizem).
"Rojo hasta la muerte" tem mais jeito de torcedor de futebol do que de ativista político, não? Ainda mais em Avellaneda, cidade do Independiente. chamado de "los rojos".
Ah! Mas esse nem era em Avellaneda, esse era em BsAs mesmo! :-)De qualquer forma, faz sentido… não entendo chongas de futebol. Re. re.