Este texto foi publicado originalmente em abril no Célula POP, o portal de notícias capitaneado pelo querido Carlos Eduardo Lima (CEL). Republico aqui para fins de portfólio – e porque também acho que vocês precisam conhecer o Bita. 🙂
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Ser mãe é um eterno ato de cuspir pra cima e ter que limpar o cuspe da testa depois. Só pra dar um exemplo, eu não tinha a menor intenção de deixar minha filha ter contato com celular tão cedo. Mas aí você precisa entreter a criança enquanto cozinha, enquanto caga, enquanto faz nebulização nela, e apela mesmo. A combinação de desenho animado com música nunca falha. E foi numa dessas que conheci o Mundo Bita.
Bita é um tiozinho gordinho, bonachão e bigodudo, de suspensórios e cartola, que vem de outro planeta e precisou pousar na Terra por falta de combustível. Acontece que seu combustível é a imaginação.
Pronto: essa trama sustenta cerca de pelo menos uns 50 clipes musicais, todos originais (sem “Marcha soldado” nem “Pintinho amarelinho”), idealizados e realizados pela produtora pernambucana Mr. Plot.
E porque eu estou contando isso para você, leitor ou leitora do Célula Pop?
Porque Mundo Bita vai muito além da música infantil. Presta atenção.
Bita gravou com Milton Nascimento
Segundo Chaps Melo, criador e voz do Bita, foi um convite do próprio Milton. Eles gravaram duas músicas, aliás: A linda “Trem das Estações” e o clássico “Bola de Meia, Bola de Gude”. Minha filha podia estar pedindo “Baby shark”, mas está cantando “Bola de meia, bola de gude”. Bem, ela está cantando “Bola de meia, bola de gude” e TAMBÉM está pedindo “Baby shark”.
Bita conta histórias transmídia
E nem me refiro aos shows LO-TA-DOS de Carnaval, festa junina, Natal e outros temas, que complementam as narrativas dos clipes animados, mas ao projeto em parceria com Lázaro Ramos. “Sinto o Que Sinto” é música do Bita e também um livro do ator, produtor e escritor.
Tanto a música como o livro abordam questões do menino Dan sobre sentimentos de tristeza que dão lugar ao orgulho de sua ancestralidade. É lindo.
Bita é atual
Quem me conhece sabe que eu não dou a mínima pra novidades: amo ouvir jazz e blues que têm quase 100 anos. Adoro quando minha filha “descobre” coisas que eu gostava quando era criança – porque a gente sempre tem essa ideia de que “na nossa época era melhor”, né? Pois Mundo Bita está aí pra provar que tem entretenimento infantil de qualidade sendo feito hoje em dia no Brasil – e não só as músicas, mas a qualidade técnica das animações, as produções dos shows, os licenciamentos de produtos. Tudo muito profi.
Bita é pop e educativo ao mesmo tempo
As músicas do Mundo Bita falam de escovar os dentes, de comer vegetais, de respeitar as diferenças (especificamente sobre crianças com deficiência), de corpo humano, ciências, música e até de reciclagem de lixo.
“Tagarela” é um baita samba.
“Ai que vontade” é um rockinho delícia pra falar de desfralde.
“Ciranda das águas” dá vontade de sair dançando por aí.
Bita tem duetos com Jr.Black, Vanessa da Matta, Casuarina e Lulu Santos – além do Bituca, é claro. Como se não bastasse a educação transversal à música, temos também a educação musical da garotada.
Pode ouvir sem medo junto com as crianças.
E comprar os bonecos.
E fazer a festinha de dois anos temática.
E…
Bem, ouve aí.
Aproveita que a criança não está dançando “Baby shark” na sala.
Até a próxima.