Remakes de filmes clássicos são desnecessários. Quer ver a saga épica da família Corleone, vá ver a trilogia do Coppola, não inventa de botar Leonardo DiCaprio fazendo o jovem Vito com umas brigas em edição frenética e o Coldplay fazendo uma versão do tema do Nino Rota, não: essa nova geração precisa se acostumar com timing de filme mais antigo, com filme preto e branco, com atrizes de peitinho pequeno sem silicone, com aquelas direções de arte de filme de época que, apesar de serem ‘de época’, mantém cortes de cabelo e bigodes da época em que os filmes foram feitos. Por favor, não me venham refilmar ‘Ladyhawke’ com bandinha de metal e desobrigar a nova geração a ouvir The Alan Parsons Project, ainda que The Alan Parsons Project soe bem chato. Galera precisa entender que o mundo não começou quando eles nasceram, que existia prog antes deles nascerem e que nem tudo era 3D.
Mas tudo bem, a indústria gosta de remakes – e às vezes é legal pegar um filme bem splatter e fazer com que gosmas verdes ‘espirrem’ na plateia com a ajuda de um 3D bem feito – como é o caso do novo “Caçafantasmas”. E honrar o original, com a presença do elenco quase inteiro (menos o Harold Ramis, por motivos de falecimento) fazendo aparições (não-fantasmas). E botar um monte de referências não só ao primeiro filme, como a vários filmes dos anos 80, porque já se sabe que uma boa parte do público-alvo esteve lá. Então tá: este novo “Caçafantasmas” é divertido pra caramba.
“Mas por que substituir o elenco por MULHERES??”
Ora. Vão cagar. O elenco já teria que ser substituído por motivos de IDADE e falecimento mesmo. “Mas por que mulheres?” Mano, por que NÃO mulheres? São um grupo de nerds que caçam fantasmas. A essência do quarteto se mantém vivíssima, com umas piadas ainda mais grossas, e o Chris Hemsworth de “secretário-recepcionista tapado” dá gancho pra piadas ainda melhores. E não tou falando isso porque sou mulher, não: digo isso porque a Melissa McCarthy, a Kristen Wiig, a Kate McKinnon e a Leslie Jones são quatro das melhores comediantes da atualidade. Aliás, corrigindo, quatro dxs melhores comediantes, se esse ‘x’ fosse minimamente gramaticalmente correto para englobar homens, mulheres, transgêneros, todo mundo.
Aliás, “Caçafantasmas” (2016) bem podia ser “O longa-metragem do Saturday Night Live”.
Pra quem nunca ouviu falar (vocês existem?), um resuminho: Erin Gilbert e Abby Yates são cientistas e pesquisadoras de fenômenos fantasmagóricos há muitos anos. Erin abandonou o tema para trabalhar como pesquisadora em uma universidade; Abby continua, e conta com a assistência da engenheira esquisitona Jillian Holtzmann. Erin é chamada para investigar um fantasma numa mansão e leva Abby e dra. Holtzmann. Após perderem seus empregos, as três montam um escritório e contam com a ajuda de Patty Tolan, que começa como cliente mas vira parte da equipe. As quatro acabam descobrindo que a aparição de fantasmas em Nova York é parte de um plano maligno de um nerdão misterioso – também do elenco do Saturday Night Live, claro.
E umas BESTAS por aí entrando numas de boicote ao filme porque é “filme feminista”.
Duvido que vocês não tenham ido ver o reboot do Homem-Aranha, mesmo o original tendo menos de quinze anos. E duvido que vocês não vejam o próximo, mesmo o segundo reboot tendo menos tempo ainda. E esses montes de Batman do Christopher Nolan, desnecessários depois do Batman definitivo do Tim Burton.
Bom, se teu problema é com remakes, o Batman do Tim Burton deveria valer como definitivo.
Bom, se teu problema não é com remakes, mas com mulheres, vamos conversar.
E se você não tem problema algum, vá ao cinema ver esta nova versão de “Caçafantasmas” e se divertir a rodo.
E sair cantando a música do Ray Parker Jr.
Claro.
Meu problema é com remakes e o Batman do Tim Burton deveria valer como definitivo!
Hahaha num é? O resto é reboot.