Então que eu colei num pessoal aqui em Niterói – um pessoal com sede de ocupação de espaço público.
Porque o espaço é público. É meu e seu e de todo mundo.
E eu já curto esse negócio de levar arte pra rua sem depender de apoio, prefeitura, cachê, só por ocupar mesmo:
Porque deu vontade.
Pra levar um pouco de beleza e cultura pro mundo.
Mas, com essa história de pedalar, ando pensando muito em urbanismo. Desde que voltei do México (e faz mais de ano), ando questionando o uso – ou a falta dele – do espaço público. Domingo as pessoas se encontram nas praças, se encontram nas ruas, vão aos museus, batem perna no Centro Histórico, abam o wifi do passeio central.
Aqui as praças são gradeadas.
“Ah, é para os mendigos não dormirem”.
Bom, o mendigo não usa a praça, e nem você.
“Ah, sempre tem feira na praça, sempre tem um evento de foodtruck”.
Na Zona Sul. Dificilmente há algo oficial no Centro, na Zona Norte. Quando tem, é muito pontual.
Aqui, resolvemos ocupar um espaço ocioso da cidade: uma “laje” em cima do mergulhão. Um espaço morto, sem vida, só concreto, por onde as pessoas não circulam – elas vão de um ponto a outro, mas não há nada para se fazer naquele grande espaço “em branco”.
Ou não havia. Conheça a Praça Viva.
No último sábado, teve campeonato de avião de papel; teve dj; oficina maker; oficina de mandala; bambolê e malabares; pocket show; teve purpurina.
https://www.facebook.com/pracavivaniteroi/posts/498174037045089
Pedalei. Pedalamos. Sem belicismo, sem discursos inflamados, apenas com amor e vontade de levar um pouco de vida a uma laje de concreto.
Deu certo.
Saí de lá completamente cheia de energia. Fiquei alguns dias sentindo felicidade, plenitude, sorriso na cara e desejo de liberdade. Conexão com o universo.
Essa música não tocou lá, não. Mas foi mais ou menos assim:
Viciei neste negócio de ocupação de espaço público.
Depois deste post, sugiro que você leia “Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana”, do David Harvey.
Ocupa a rua, gente. Ela é sua também.
Um beijo.
Sai de casa.