Maratona Robocop


“Robocop”, essa nova versão do José Padilha, não é ruim, não. A bem da verdade, dá até pra dizer que é um bom filme. Pra comparar com o original, tive que reassisti-lo, já que eu só tinha 9 anos e confesso que só me senti um pouco atraída pela primeira versão. Brincar de Barbie era mais legal do que ver filme de policial robô.

A versão do Padilha explora mais a humanidade de Alex Murphy – e, de quebra, dá uma alfinetada de leve na indústria farmacêutica também, quando deixa o oficial de dois bilhões de dólares sedado – transformando o que restava de suas emoções em emoções de robô.

Ah, sim. Tem o Zé Padilha dirigindo, né?

Sim. E a maneira brasileira de lidar com e retratar bandidos é bem diferente da americana, e bem peculiar. O início do filme mostra cenas que definitivamente não teriam a mesma graça se tivessem sido dirigidas por alguém que não fez pesquisa pra retratar a bandidage carioca. Depois parece que o diretor vai se adaptando à linguagem norte-americana e perdendo um pouco a personalidade. Não é um defeito da direção, de qualquer forma – o próprio diretor já andou reclamando da falta de liberdade criativa na execução do filme.

E pra quem não viu, ou viu o primeiro filme há quase 30 anos, ainda criança, a história é a do policial destroçado que, servindo de experimento pra uma grande empresa fabricante de armamentos inteligentes, ganha um exoesqueleto e sai por aí combatendo o crime muito melhor do que a polícia. Ouso dizer que a nova versão contextualizou bem a premissa do filme.

Alex Murphy, em 2014, ganha ares de capitão Nascimento ao começar a investigar o crime do qual foi vítima e descobrir os verdadeiros criminosos. Dando brecha para uma continuação, posso apostar que no próximo filme, “o inimigo agora é outro”, e vamos descobrir finalmente que o governo é quem financia a Omnicorp. Posso apostar.

Como também posso apostar que o nariz da Abbie Cornish foi refeito. E se dá pra reparar, é porque foi malfeito. Uma pena, porque ela é gata, não precisava disso.

Bom, aí tem a versão do Verhoeven…

Que, apesar de ter toda uma tecnologia datada (monitores com tubo de imagem, letrinhas verdes, interferência horizontal), continua bom – entendo perfeitamente os motivos que levam toda uma geração a considerá-lo um clássico. Se numa coisa o filme dirigido pelo brasileiro fica na desvantagem, é no humor (nessa nova versão, fica por conta do moleque do marketing, interpretado pelo convincente Jay Baruchel). Em outra, tá muito limpinho – a versão do Verhoeven é altos gore, tem tanto sangue espirrando que chega a ser engraçado.

A ponto da internet acreditar que a tal da cena perdida no director’s cut realmente era dele, e não de um remake colaborativo surreal. O que?  você não viu isso ainda?

Tire as crianças da sala e evite ver no trabalho – não tanto pelo fator nsfw, mas porque você vai rir alto:

Robocop – Director’s Cut: http://youtu.be/RKfxNlGnHHQ

O saldo final da maratona foi ótimo. Bons filmes. Recomendo os dois.

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E você, o que me conta?

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