Peça e será atendido – agora com pessoas reais 5


Interessante. Estava com o rascunho deste post já há algum tempo. Por coincidência, quando resolvi reativá-lo, foi justamente ANTES de ver esse vídeo da Amanda Palmer no TED:

http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/amanda_palmer_the_art_of_asking.html

Tá, mas o que uma cantora punk independente, mulher de um autor de quadrinhos e livros de fantasia, tem a ver com autoajuda?

Tecnicamente, nada. Mas esse meu post é sobre PEDIR ajuda. Então tem tudo a ver, sim. Veja bem: a premissa básica da autoajuda é que você pode sair da merda com livros, sites e blogs que te dão o caminho das pedras para construir, você mesmo, seu caminho; muitas vezes, estes livros são baseados em experiências pessoais de quem conseguiu e se dispôs a dividir sua experiência pessoal com quem quer que estivesse disposto a pagar por ela (não me espanta que autores de autoajuda fiquem ricos). Mas, até chegar ao ponto de procurar um livro, você, em primeiro lugar, reconheceu que precisava de algum tipo de ajuda.

A autoajuda, como tenho percebido e contei um bocado pra vocês ao longo deste projeto, tem lá seu valor – se não para efetivamente fazer com que você consiga o que você quer, ao menos para te manter motivado a consegui-las, não desistindo dos seus desejos; mas sempre existe um momento em que toda a literatura do mundo não é capaz de ajudar. Nessa hora, você PROCURA ajuda externa.

E na hora de procurar ajuda externa, você tem duas opções: ou você paga alguém, ou PEDE ajuda.

Desculpa me meter, mas – não precisa responder se não quiser – quando foi a última vez que você pediu ajuda? Não aquele “oh, se souber de um emprego nessa área, me fala”, porque dificilmente seu interlocutor trabalha com RH, mas aquela ajuda MESMO, que só aquela pessoa pode fazer por você?

E aí? Doeu? Feriu orgulho? Suponho que, na pior das hipóteses, se você não conseguiu a ajuda de que precisava, pior não ficou, certo? Melhor ouvir um “não posso” do que nem tentar (sem tentar é que você não consegue mesmo!). Se é algo que você não consegue fazer sozinho, e se ninguém souber que você precisa de ajuda, como você será ajudado?

Pedir ajuda não é sinal de fraqueza: é de força, mesmo. De coragem. Porque não é fácil admitir em público que temos problemas.

* * *

Existe uma grande diferença entre pedir ajuda e ser inconveniente. Imagino que esta seja uma barreira para muitas pessoas – eu mesma me sinto estranha tendo que pedir ajuda. Como não ser inconveniente?

Você está tomando o tempo da outra pessoa.
Sim, você mandou um e-mail, uma mensagem no Facebook, você ligou pedindo. E o tempo, especialmente o de pessoas que têm alguma espécie de poder, é precioso. Seja criativo para mandar sua mensagem de forma a chamar atenção, e seja rápido. Havendo retorno, você explica com calma qual é o problema.

Seja pessoal.
Não mande aquela mensagem para todos os seus contatos pedindo emprego, pedindo dinheiro ou o que quer que seja – escolha a dedo para quem pedir o que. Afinal, dificilmente alguém que também está na pindaíba e preocupado com seus problemas vai conseguir fazer algo por você. Mostrar que se preocupa, perguntar como a pessoa está, como estão as coisas e como você pode retribuir o favor é sempre uma ótima. E se você não se preocupa tanto assim com a pessoa, não peça. Sério. Por que ele (ou ela) vai se preocupar com você?

Seja sincero.
Se você nunca se preocupou com ninguém, como vai fazer com que as pessoas se preocupem com você? Você pode até perguntar como vai, como está, mas vai soar falso, vai soar interesseiro. As pessoas se mobilizam para ajudar gente legal. Seja legal. E se você não é legal, seja sincero. “Olha, eu tenho sido um cara escroto, mas eu preciso MESMO da sua ajuda”. Isso sensibiliza. Aproveite e promova em si mesmo uma mudança de vida e de atitude, porque ser egoísta… bem, existe um nível de egoísmo que é até saudável, mas só é bom até certo ponto, tá?

Seja grato.
Conseguiu? Agradeça. Pode ser com uma recompensa. Pode ser com um abraço sincero, um cartão, flores. Mas agradeça. Agradeça àqueles que tentaram, que divulgaram, aos que tomaram um tempinho pra te ouvir. Agradeça.

Atenção ao tom.
Existem maneiras de pedir que soam como constrangimento. O outro se sente mais coagido a fazer algo do que realmente à vontade para fazê-lo. Evite. Peça coisas factíveis. Vai pedir dinheiro? Ofereça algo em troca, ainda que seja o seu trabalho, um bolo de chocolate, que seja. Vai pedir trabalho? Ofereça um almoço caso você consiga. Alguém está doente e você precisa de doações? Evite apelar com fotos no hospital, pernas amputadas, gatinhos queimados: simplesmente peça. Você não precisa da compaixão de ninguém: você é forte, corajoso e está pedindo ajuda.

Simplesmente peça.

Peça e você será atendido.


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5 pensamentos em “Peça e será atendido – agora com pessoas reais

  • Cheferson Amaro

    é interessante isso, sou terapeuta e muitas pessoas me procuram pedindo orientações para suas vidas. nesse sentido, os livros de auto-ajuda são ferramentas transformadoras. por exemplo, lendo Segredos da Mente Milionaria ou meu livro Prosperidade Vigorosa muitas pessoas transformaram suas vida, o que faz diferença mesmo É A PRÁTICA; É A PESSOA TOMAR A FIRME DECISÃO DE SER PRIMEIRO PRA DEPOIS FAZER. Grande abrçaoCheferson Amaro http://www.aprosperidade.com

  • Paraonde caminho

    Bom dia! Descobri este blog agora mesmo e gostei bastante. Eu sou um bom exemplo de como os livros de autoajuda funcionam. Numa época bem difícil da minha vida, nem o psicologo ajudou, foi um livro que fez a diferença, e todos os outros que depois se seguiram.Penso que seja por termos aquele espaço e tempo a sós com todas as novas ideias que nos permite reflectir e digerir as ideias. Mónica Chabywww.paraondecaminho.blogspot.com

  • Lia

    Bruna, tem uma história de superação que já postei aqui uma vez, de um sujeito que mal conseguia andar e virou mestre de ioga graças a um desses métodos de exercício pela internet. Surreal. Mas essas coisas acontecem mesmo – e a gente aqui reclamando da vida e dando desculpinha pra não fazer as coisas. 😉

  • Lia

    Oi, Cheferson!Oi, Monica!Adorei os feedbacks de vocês. Cheferson, também acredito que tudo começa com uma decisão ;)E Monica, acho mesmo os livros podem realmente ajudar, se estivemos predispostos a isso. Mas há casos em que só livro não ajuda – o problema é mais embaixo.Beijos!