E cá estou, novamente, me desculpando pela ausência. Isso já está ficando constrangedor. Mas é que, bem, ando trabalhando, estudando, cuidando da casa, cozinhando e agora a bandinha está tocando. Não que eu tenha parado de escrever. Longe disso. Tenho até escrito bastante, mas veja bem: tem o pessoal que me paga e tem o pessoal que me dá nota pelo que escrevo. Aí já viu…
Essas últimas semanas foram marcadas por marchas e protestos, o que também já está ficando constrangedor, já que ultimamente nego deu pra marchar e protestar por direitos que as pessoas JÁ têm, como a tal da Marcha da Liberdade (“pelo direito de fazer passeata”), o protesto contra o cancelamento do festival de Santa Teresa (detalhe: arte desplugada nunca foi proibida de acontecer na rua), o dos skatistas da Praça XV (esse sim, com razão!), o do Código Florestal (que deve ter sido vazia, porque a juventude engajada carioca prefere fazer protesto pelo direito que já existe de fazer passeata ou tocar em lugares públicos), e agora vai ter a tal da slut walk, porque um babaca no CANADÁ falou algo mais ou menos como ‘mulheres que se vestem de vagabundas pedem pra ser estupradas’ e aí no BRASIL nego resolveu fazer passeata. Não sei muito bem qual é o resultado pretendido desta ação. A real é que não sei muito bem onde essa modinha de protestos, marchas e passeatas vai dar. Sou pessimista, creio sinceramente que uma marcha ou passeata tem efeito quando tem adesão massiva e, óbvio, quando é um evento isolado. Essas passeatas de 100 pessoas em Copa, com um malabarista à frente e cartazes coloridos… sei não, hein? Lá na minha terra, isso tem outro nome.
Cid tá dizendo que vai organizar uma marcha pelo direito de fumar onde bem entender. Vai esbarrar com a marcha pelo direito de não respirar cigarro, que eu provavelmente vou ajudar a organizar. Lá na poplist, sugeriram uma ‘marcha pelo temaki mais barato’, o que eu acho uma causa nobilíssima. Sou a favor também do protesto “Chega de protesto!”. Pelo direcionamento da energia para coisas mais produtivas, como FAZER música em vez de ficar só protestando pelo direito de tocar, de ANDAR de bicicleta em vez de protestar pelo direito de andar de bicicleta (a bicicletada é um ótimo exemplo de como uma oportunidade de pedalar em massa pra garantir a segurança do ciclista está virando um… protesto), protesto em prol da minha paciência, que já tá acabando com esse monte de micareta disfarçada de protesto.
E vocês? Têm visto algum protesto bizarro nos últimos tempos?
Adoro o que você escreve, mas você está parcialmente enganada. A marcha pela liberdade foi um ato em repúdio ao que aconteceu em São Paulo durante a Marcha da Maconha, onde relembro que a polícia reprimiu violentamente um protesto pequeno e pacífico. Neste ano, em São Paulo, artistas de rua também foram repreendidos sem razão pela polícia.Mas concordo contigo sobre o teor desses protestos de classe média. Esses protestos bundas-mole são culpa do Los Hermanos.
Ah, e essa Slut Walk brasileira é hilária, principalmente se você for pensar que um dos organizadores é o Edu K.
Apoiada!E digo mais: a importância de mostrar um "engajamento" é maior do que a causa em si. É aquilo: nego veste branco e abraça a Lagoa, mas taca fogo em índio no ponto de ônibus. A marcha não importa, o que importa é aparecer bem na foto. Não vou nem comentar passeata com CERCADINHO VIP… (eu já vi!). E o que dizer daquela onda das pulseirinhas de borracha em prol de algo? Aliás, onde foram parar? Ah, sairam de moda né? Tipo, saiu de moda o combate à fome na África. Agora a moda é ser vadia. Lembro que no ano passado rolou uma passeata a favor do roaylties do petróleo. Concordo com a causa, mas o protesto virou evento de lazer, de modo que o pessoal chamou de micareta da Petrobras. E tava cheio de pitboys com garrafa de coquinho nas mãos, num oba-oba danado, cantando "Petrolation, petrolaaaation / Petrolation é bom, bom / Petrolátion é bom demais" dando beijo na boca forçado nas mulheres a torto e a direito! Só discordo de um ponto. Embora eu seja muito simpático aos skatistas, tendo sido eu mesmo um deles, acho prejudicial andar de skate na Praça XV. Aquele piso não atura os ollies e afins e, não raro, quebram com as manobras radicais. Sei que a lógica do "street" é que ele seja praticado na rua, usando o mobiliário urbano para criar manobras. Mas eu sou daqueles que preservam o bem público. E a esplanada da Praça XV é tão bonita… (vc lembra como era antes? A gente saía da barca e dava de cara com uma avenida IMUNDA cheia de ônibus e carros passando VOADO).Pra que eu não pareça incoerente, apesar da minha cítica às passeatas eu mesmo já cobri uma, embora com uma pegada irônica. http://aroundvenus.blogspot.com/2010/08/passeata-dos-humoristasbastidores.htmlEita, floodei, né? Foi pilha do café forte. rs Bjs!
Anônimo, a marcha da Liberdade de São Paulo foi isso mesmo que você falou… e, sim, tinha uma causa. Mas aí teve a do Rio – onde sempre foi possível fazer a Marcha da Maconha e várias outras, na verdade. Deveras constrangedora, era uma passeatinha que bloqueava o trânsito (foi no sábado) com cartazes do tipo "Mais teatros!" "Feministas unidas!" "Legalize a maconha!" "Pela legalização do aborto!" (tá, sou pró, mas peraí)… não é esquisito?