Rio Content Market. O nome já diz tudo, o conteúdo IMPERA no evento de todas as formas, em todas as mídias possíveis, vindo de vários lugares, para agradar a vários públicos diferentes.
Mas uma coisa está me chamando atenção: vários palestrantes falam do MICROPAGAMENTO, o que parece ser a grande tendência para o conteúdo, agora que todo mundo sabe que ele circula livremente online e em dispositivos móveis, todo mundo sabe que ele é compartilhado de um dispositivo para o outro e todo mundo espera que o autor seja remunerado pelo que cria. Então é bom alguém pagar por ele.
Quando o conteúdo é grátis, a gente já sabe que ele não é totalmente grátis, certo? Quer dizer, ele é grátis para o consumidor/espectador, mas é um esquema muito parecido com o da televisão: a receita vem dos anúncios e o veículo precisa ter um conteúdo muito bom para atrair mais e mais audiência para aquele anúncio. Quando digo ‘muito bom’, quero dizer ‘muito bom para o público alvo daquele anunciante’, senão o anúncio não dá retorno e o anunciante para de anunciar. Tem também o conteúdo produzido especialmente como mídia para a veiculação de alguma marca específica, é o tal do branded content. Não é mistério algum.
O mistério está nos tais micropagamentos.
Não faltam sistemas seguros, como o PagSeguro ou o PayPal. Isso é o de menos. A questão é que o que é micro pra você pode não ser para quem cobra.
O que é um preço justo para assistir a um filme online, por exemplo? Eu, particularmente, acho os US$1 ou US$2 do Mubi justíssimos. Tenho vergonha de baixar um filme, podendo pagar menos de 4 reais para assistir em casa, sendo que eu e marido podemos ver, e alguém será remunerado por isso. O Terra TV, passou ‘Inception’ a R$4,90. Gente, é um lançamento! Gente, é mais barato do que locadora! Gente, eles são muito claros quanto à divisão desses R$4,90: uma parte vai para eles, que disponibilizam a infraestrutura de exibição, e outra parte vai direto para os detentores dos direitos (pra que ECAD, não é, minha gente?). Já os 70 reais para assistir a 7 filmes da franquia Harry Potter, eu me recuso: dez pilas por filme? Sai mais barato pegar em locadora que, ainda assim, sai caro. Ou seja, quero não. Aí você já sabe o que acontece. Simples assim.
Longe de mim achar que os micropagamentos estão fadados ao fracasso. Pelo contrário. Acho que se for micro MESMO, e se houver transparência no destino dos valores, o consumidor paga.
E você? O que acha? Quanto vale um filme online pra você?
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Onde tu tava, que não te vi? Ok, eu tava sem óculos.Ahn, acho que é mais ou menos o que aquele manifesto pedia. Metade do ingresso de cinema por um lançamento tá razoável. Garantidas a qualidade da cópia e a largura da banda.
O ECAD vai cobrar o dele
No caso de filmes e seriados, vai acabar valendo a praticidade. Para assistir um filme pirata, preciso encontrar o torrent do filme em qualidade razoável e uma legenda sincronizada com esse torrent – o que acontece em dois cliques com o Glee dessa semana, mas é bem complicado, quando se fala de filmes mais obscuros tipo o "UHF" do Weird Al Yankovic, ou nem tão obscuros como o Anos Incríveis. Muitas vezes é necessário sincronizar a legenda na unha.Ninguém se daria a esse trabalho se encontrasse tudo isso legalizado, disponível, em formatos universalmente compatíveis e a preços de locadora – cincão cada filme, e tipo R$10 ou R$15 pra temporada completa de seriado.
UHF com a presença do "Cosmo Kramer"… boa dica!Micropagamento é o futuro da videolocadora. Acho o máximo tanto para quem mora em cidade pequena quanto para quem não tem mais uma locadora razoável sequer no bairro principalmente para filmes antigos. Se a banda larga chegar com qualidade nas cidades pequenas isto vai salvar a vida de muita gente. Não tenho vergonha de baixar e ver filmes "na faixa" pois boa parte eu não encontro em lugar algum, como filmes orientais ou tosquices como o vingador tóxico. A questão é ter um parâmetro de preços e um site de qualidade com conteúdo. Não assisto quase nada com legenda e odeio ver os milhões de erros de pt que vem embutidos nas mesmas. Paguei 15 pratas no dvd do labirinto em uma banca de jornal e 60 no cd da trilha sonora. Isto sim desestimula a ter conteúdo legalizado. Ótimo texto, como sempre. Volta e meia passo aqui e fico lendo os posts antigos.
Marcos: já te achei, haha!CidAmordeMiBida: sim. Existe uma tendência para que haja cobrança de direitos autorais, como existe em alguns países, diretamente no serviço de pagamento de provedor de acesso. Mas, ao mesmo tempo, se a proposta é dividir os lucros diretamente com o detentor dos direitos da obra, ele que se vire para repassar entre os autores (produtor, diretor, roteirista e autor da trilha), né não?
Paulo e Rodolfo: é, é complicado. Mas são justamente esses filmes mais obscuros que são um fiasco no cinema e encontrariam seu público altamente nicho na internet.E é aquilo que todos concordamos: se fosse barato e houvesse a garantia do repasse para o autor, a gente pagava – mesmo que fosse o vingador tóxico. Tenho certeza.
PRINCIPALMENTE para o Vingador Tóxico! Aiás, a Troma já vende cópias digitais de alguns de seus filmes, mas não dos mais famosos 😛 https://buy.tromamovies.com/index.php?cPath=1_22&osCsid=ggcsft3dt3tur0qiuj6jnsctr1
Pagar para ver um filme online, não é algo que te traga uma paz de espirito por não estar financiando ou usufruindo da pirataria…
Você poderia muito bem ver um filme lançando online, sem precisar pagar, e também, ajudando o dono do site ao mesmo tempo..
Como? Quando geralmente vc entra em algum site, tem anúncios, sites que abrem mesmo sem nosso consentimento, é ai que os donos dos sites “lucram” com sua visualização e preferência…
Viva a internet e sua gratuidade…
Mauro, o dono do site lucra, mas o autor do filme – quem deveria realmente ganhar algo com isso – não ganha. Quando você paga pra assistir num serviço tipo Netflix, houve negociação com os detentores dos direitos de exibição, e há o pagamento de uma taxa reversível para a indústria audiovisual. Sites cheios de anúncios só são bons pro dono do site.