Alô você, produtor de conteúdo que não acredita que seu produto possa ser rentável se estiver disponível de graça na internet: se você cobrar 30 reais por um dvd ou por uma assinatura premium, acha MESMO que alguém vai pagar por isso? Quer dizer, alguém vai, mas se não tiver volume de vendas suficiente para torná-lo rentável, seu produto volta para a gaveta eternamente, esperando que alguém distribua ou exiba… você já viu esse filme?
Claro, cada caso é um caso – e é preciso entender quando é caso de liberar conteúdo grátis, quando é caso de cobrar taxa de acesso ou de esperar a venda que virá no momento certo. Mas também é preciso entender que quando o conteúdo está disponível gratuitamente na internet, ele não é realmente gratuito: alguém já está ganhando algo com ele graças aos anúncios publicitários disponíveis nele ou no site que o hospeda, graças ao tráfego que ele leva à página.
Graças aos tais programas de parceria e links patrocinados, esse valor pode ser dividido entre você, produtor, e o veículo que hospeda seu conteúdo, na mesmíssima dinâmica da televisão aberta: quem paga é o anunciante (na internet temos banners, links patrocinados, inserção, páginas especiais, parcerias… muitas, mas muitas formas de veicular publicidade. Mesmo. O próprio produto online pode ser um sample de algo maior que você deseja vender, e não há nada de errado nisso). Logo, se você quer fazer dinheiro, é bom que seu conteúdo seja interessante para milhares de pessoas. Milhares. Porque seu conteúdo interessante atrai gente naquele canal e naquele horário, e você ainda pode ganhar uma grana pelos anúncios que seu conteúdo espetacular ajudou a mostrar. Mas se você quiser ganhar uma soma significativa, tem que levar milhares. MILHARES. E internacionalizar seu conteúdo o máximo possível, para ampliar o alcance. Note a quantidade de comédias pouco cerebradas entre as dez webséries mais assistidas. Pois é, o nível é por baixo mesmo – mas elas alcançam milhões de pessoas.
(não digo aqui que o nível das produções deve ser por baixo! De jeito nenhum! Mas, convenhamos, quanto mais refinado é o humor, mais difícil é para o produto ser aceito por massas. É uma lógica que faz sentido, vai)
Nem tudo é alegria, ok. Na internet, os valores de anúncios ainda são bem mais baixos e, logicamente, também é baixa a remuneração do autor/produtor. E, obviamente, seu produto não terá tanto público quanto teria na TV aberta – na TV são no máximo 20 opções de canais, na internet temos incontáveis… a audiência é muito mais pulverizada!
Mas raciocina comigo: existem filmes lançados em cinema que fazem cerca de 20 mil pagantes. 20 mil! Um vídeo de 4 minutos de um bebê frenético dançando uma versão brasileira de kuduro já fez, até hoje, mais de um milhão de espectadores (que não pagaram nada para assistir ao vídeo, mas receberam publicidade na cara). Vamos fazer as contas: filme de 1 milhão x quantos centavos de real da bilheteria ficam com o produtor versus filme feito com o celular x quantos centavos de dólar o produtor ganha numa parceria de conteúdo com um Youtube ou Videlog.tv da vida se seu vídeo tiver mais de 100.000 visualizações? Ou mesmo que você não monetize seu conteúdo, mas utilize-o para fazer propaganda da sua produtora, ou teaser do seu próximo filme, ou… as possibilidades são infindáveis, precisamos explorá-las.
E a relação custo-benefício é maior, né? Com a tecnologia de hoje, é possível produzir conteúdo muito mais barato do que há dez ou vinte anos atrás – já ouviu falar de um sujeito chamado Gareth Edwards, que fez um filmaço com apenas 15 mil dólares? Edwards trabalhou num telefilme da BBC sobre Átila, o Huno – e fez todos os efeitos visuais SOZINHO, EM CASA, usando After Effects e Photoshop, em apenas 4 meses. Assim, ó. Se liga.
Ou seja, dá pra fazer barato, sim. E dá até pra ganhar com isso, sim – não é certo, não é fácil, mas tem publicidade (a produtora responsável pela tal websérie bebelol mais vista no Youtube oferece serviços e fez com que quase 70 milhões de pessoas soubessem disso. Não é ótimo?), reputação, dá para criar uma base de fãs para um eventual produto pago… e até dinheiro.
Fica a dica. E não, eu não vendo mídia. Não, aqui não tem link patrocinado. Só estou dando ideia pra ver se projetos espetaculares saem da gaveta, se boas histórias são contadas independente da quantidade de verba captada para a produção, se produtores tomam coragem de botar seus filmes antigos pra circular (melhor você botar num canal oficial seu do que deixar que rapidshares desses da vida faturem às custas do SEU conteúdo extraoficialmente, não?), podendo até fazer uma verba extra. Porque espaço é o que não falta, e é claro que o retorno não é certo, mas pode até acontecer.