‘Amor sem escalas’ é um título em português breguésimo pra um filme que esbarra no romance mas está longe de ser um. É mais uma história sobre desapego do que sobre apego a outro ser humano.
Ryan Bingham tem problemas com relações humanas, a começar pelo seu emprego (ele viaja o país inteiro para dar às pessoas a notícia de sua demissão) e pela natureza nômade de seu trabalho (preste atenção na cena em que ele chega em casa e joga a mala na cama – a produção de arte impecável garante que a cama esteja sempre arrumada, com o lençol amassado sempre no mesmo lugar). Em compensação, na hora de dar a notícia, tem a sensibilidade e a segurança que o fazem o melhor nesse trabalho deveras ingrato. Cool.
Isso, claro, até Natalie, jovenzinha petulante, chegar na empresa e propor mudanças estruturais em seu negócio, que agora será todo informatizado. A ideia é boa, mas falta a garota aprender mais sobre o trabalho – e Ryan ganha uma sidekick.
E o tal do amor sem escalas? Em cada escala que Ryan para, ele encontra Alex, mulher bem resolvida que não se incomoda com trepadinhas ocasionais. Com a sidekick, o mulherão e seus problemas familiares, no entanto, Ryan começa a rever a validade de seu estilo de vida desapegado e, afinal, qual é a graça de se acumular milhas aéreas se você não levará ninguém junto.
(e, bem, eu avisei que não era um romance, mas sim uma história sobre desapego)
Não acho que nenhuma das duas mocinhas mereça o oscar de melhor atriz coadjuvante, como também não espero que Clooney vença o carequinha de melhor ator. Talvez direção ou roteiro adaptado. Você viu? O que você acha?