A Wired deste mês está com uma matéria tão fascinante quanto assustadora, sobre o uso de GPS em aplicativos móveis. Munido de um celular, Mathew Honan saiu pelas ruas de sua cidade tentando extrair o máximo do GPS. Logo de cara, descobriu pra que serve o Who’s Here, que mapeia todas as pessoas usando o mesmo aplicativo nas redondezas: “oi, você está por perto, vamos trepar”. Tecnologia serve pra facilitar a vida da gente, não é mesmo?
Obviamente não satisfeito (meu, um serviço de GPS deve servir pra muito mais que isso), Mathew foi descobrindo todas as possibilidades do GPS no aparelho: é possível, hoje em dia, ‘geo-tagear’ suas fotos, indicando sua localização quando você fotografa e sobe para um site como o Flickr, por exemplo. Que coisa. Com isso, você pode descobrir novos restaurantes e lugares interessantes, simplesmente acessando seu celular. O lado ruim é que às vezes você não precisa fazer nada para que saibam exatamente onde você está.
A questão da privacidade na internet é nebulosa: sim, há uma EVASÃO de privacidade, mas você só dá os dados que quer, certo? Ninguém precisa saber seu endereço no Orkut…
…Não. Seu endereço de trabalho está no seu lattes. A foto ‘geo-tageada’ indica sua localização, os serviços integrados enviam updates mesmo que você não peça (seus amigos no Facebook realmente precisam saber o que você vai fazer AGORA?), todo mundo pode juntar as peças (produção intelectual aqui, alguém que tirou uma foto em que você aparece ali, e isso quando os próprios serviços não convergem – ou alguém esqueceu que a conta do Flickr e a do Yahoo são as mesmas, e que se o Google tem seu endereço para pagar o AdSense, o Blogger também pode ter?) e voilà: privacidade foi embora. A internet (e, vá lá, esses aparelhinhos de celular com câmera, wi-fi e GPS) virou, definitivamente, um grande dispositivo de vigilância e controle onde você tem o controle apenas parcial das informações que quer disponibilizar. Tão fascinante quanto assustador.
Mas vamos lá, sempre é possível usar esses aparelhinhos para o bem, e deixar rastros online de sua vida não quer dizer que todos terão interesse nela, não é mesmo?
Obviamente, isso não se aplica a web-celebrities, cercadas de stalkers insanos por todos os lados. Ainda bem que eu larguei minha vida de musa online no auge. Imagina só…
Big brother is watching you. O futuro é hoje, é agora, e é muito esquisito saber que o celular, aquele telefone móvel que eu sempre desejei pra tranquilizar minha mãe avisando que eu tou a caminho e vou me atrasar pro almoço, virou um dispositivo de vigilância e controle completo, e o que é pior: EU é que dou os dados pra quem quiser me controlar. Socorro. Mas as possibilidades são tão interessantes que ainda não penso em largar tudo e viver de artesanato.
Sim, tenho andado meio paranóica com o rumo que o mundo vem tomando e acho que todo mundo precisa ter um plano B offline.
Tu não acha?