Cada um acredita no que quer, né?
Eu acho que quando eu morrer, o que vai ficar aqui vai ser um corpo. Não faço a menor idéia de pra onde vai minha consciência, mas espero que tenham certeza de que meu corpo morreu. Tenho horror à idéia de ser enterrada viva, provavelmente porque li muito Edgar Allan Poe e vi filmes do Roger Corman e do Mojica demais, mas o fato é que sou paranóica com isso e as duas únicas exigências que faço são:
– Certifiquem-se de que eu morri mesmo;
– Doem o que ainda estiver funcionando.
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Na ocasião da 2ª via da minha carteira de identidade, não lembro de ter sido perguntada – ou fui, mas não tinha muita noção das implicações de ser doadora de órgãos – então eu consto como não doadora. Que horrível isso! Não faço a menor questão de ser exibida depois de morta, acho o fim da picada exigir de meus futuros filhos, netos e bisnetos que passem a noite olhando pra um corpo morto (com direito a beijo, ainda por cima!!), maquiado e bem vestido, quando eu não estou mais ali.
Por favor, amigos queridos e gerações futuras: me beijem e abracem bastante em vida, ok?
De qualquer forma, uma querida aqui do trabalho me deu a dica do Adote.org.br, a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos. Lá, você pode se informar sobre doação de órgãos e se cadastrar, por livre e espontânea vontade, caso deseje participar de uma espécie de programa de reciclagem humana (não é tipo isso?).
Eu tou dentro, e não estou aqui fazendo propaganda de doação de órgãos – afinal, é uma decisão que precisa ser bem pensada, conversada com a família e de acordo com seus preceitos filosóficos-religiosos, que têm rituais de passagem diferentes. Por mais que a gente não vá a missa ou aos cultos, sempre tem “a vontade de casar na igreja”, “a música que quero que toque no meu enterro”, e de alguma forma isso é importante, mesmo que você não esteja lá pra ver. Ou, dependendo da sua crença, você está lá sim. É uma decisão muito pessoal.
A dica do Adote.org.br é apenas pra você se informar sobre o assunto. E pra quem quiser ser doador saber que existe um processo nem um pouco burocrático (você pode preencher seu formulário pela internet, e ganhar uma carteirinha pra levar pra cima e pra baixo, informando sua decisão).
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Mas como eu não valho nada (re, re), segue um comercial altamente apelativo, com direito a cachorrinho abanando o rabo:
Porque publicidade pode até ser genial, às vezes.