Replicantes, oncinhas amigas, róque farofa anos 80 e doses cavalares de cafeína pra agüentar o tranco de oito horas ininterruptas de trabalho, algumas horas de ônibus e pouquíssimas horas de sono. De pitoresco, uma cena muito bizarra no caminho para o Teatro Odisséia, envolvendo um travesti, uma microssaia e um falo gigante pra fora, com Renata e Naná de testemunhas. Nada muito traumatizante, acho.
Então hoje, no meu primeiro dia de Festival do Rio BR, fui ver ‘Haack – the king of techno’, que de techno bate-estaca não tem nada, puta subtítulo pra pegar moderninhos que acham que o mundo começou quando a cena rave nasceu; imagine Bruce Haack como o vô do Kraftwerk. Mais ou menos isso aí.
Pra quem não conhece, Bruce Haack era um freak que já no comecinho dos anos 60 fazia música com sintetizadores – ou ‘música eletrônica’, como preferir. O maluco construía uns computadores que liberavam os samples ativados por palmas, theremins humanos com a ajuda de eletrodos, e fazia música para crianças – parece que em 2003 rolou um tributo a ele em prol das crianças autistas, com gente como Money Mark e Mouse on Mars tocando.
Nos anos 70 e 80, já no fim da vida, o cara surtou de vez. Morreu em 1988. Mas deixou as músicas eletrônicas mais bizarras e mais experimentais pra gente curtir e achar inovadoras até hoje.
O filme passou ontem e hoje. Não deve entrar em circuito. Mas as músicas de Bruce Haack podem ser encontradas, com alguma dificuldade – no Soulseek tem o ‘Electric Lucifer’, no site pessoal dele tinha as mp3 dos discos infantis. Vale a pena tentar achar. Conheci o som do cara numa coletânea da QDK Media e viciei.
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É claro que a maratona de ontem não podia dar muito certo: espirros molhados, gripe, febre e trabalhos atrasados. Já vi que hoje vai ser dia de casaquinho de lhama, Banzai e sopinha, porque amanhã tem mais trabalho, mais filme e mais shows legais.
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Aqui em casa os discos ainda têm lado A e lado B. Pois foi com o lado A do ‘Space Oddity’, do Bowie (o lado A vai da faixa-título até ‘Janine’, passando pela lindíssima ‘Letter to Hermione’) que protagonizei uma cena patética de descontrole emocional. Vai ser bonito assim no inferno, disco!
(e eu vou até lá, se necessário, para continuar ouvindo – creio, inclusive, já estar bem perto)