Há anos não visitava aquele bairro boêmio (só tinha parado ali há alguns meses para traçar um cachorro quente antes de um filme ali perto), mas dois shows e um filme me rebocaram para aquele lugar outrora familiar, mas que atualmente me soava muito esquisito.
E foi descer do ônibus, virar a esquina, esperar o sinal vermelho e os carros pararem para eu atravessar seguramente a rua.. e ver uma motoca voar em minha direção, ignorando solenemente o sinal vermelho e freando bruscamente já no meio da faixa, a uns dois metros de distância da garota que se viu voando por cima do aqueduto e estampando algumas manchetes de jornal sinistras.
Foi tudo muito rápido, a moto vinha em alta velocidade costurando pelo meio do trânsito, não lembro se continuei andando ou parei (que diferença fazia? ela teria chegado antes do meu próximo passo para a frente!), sei que o sujeito parou quase me cima de mim, murmurei um “maluco, irresponsável” enquanto continuei atravessando, e ao chegar do outro lado da rua deu uma puta vontade de chorar de nervoso. Se o tal evento valeu a pena? Bicho, o filme do Matias é bizarro – no bom sentido -, valeu a pena ter visto algumas pessoas queridas que não via há tempos, fazer uns contatos legais, ver Romero e ouvir Cramps, embora eu não tenha durado até uma e meia da manhã. Valeu a pena descobrir que estou viva, foi meio que uma segunda chance, “entendeu, né, cretina? você ainda tem algumas coisas úteis para fazer por aqui, e é só por isso que o louco da motoca parou. se você continuar procrastinando e preferindo ver o mundo debaixo das cobertas em vez de fazer algo que preste e viver uma vida de verdade, não vai ter freio que segure – o mundo já está cheio de pessoas inúteis, não precisa de mais uma”.
Veremos, então, quanto tempo me resta antes que a seleção natural se encarregue de dizimar os indivíduos que não contribuem em nada para a evolução da espécie, e aí sobre pra mim.
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OlimPiadas do Casseta
Minha memória (cada vez mais lixo, tanto no sentido de não guardar nada importante como no de só guardar o que não presta) me trai ou existiu mesmo uma série de figurinhas das OlimPiadas do Pateta há uns, vejamos, vinte anos atrás?