Coincidência número 1, passei a viagem de volta toda pensando em pintar os cabelos de laranja. Em casa, no meio de mais de 5.000 mp3, o dj Winamp, em modo randômico, inicia os trabalhos com ‘She Don’t Use Jelly’, do Flaming Lips.

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“I know a girl who reminds me of Cher

She’s always changing the color of her hair

She don’ use nothing that you buy at a a store

She likes her hair to be real orange

She uses taaaaangerines”


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Coincidência número 2, depois de meses, tomei vergonha na cara e trouxe minhas revistas para casa. Meu pai tem (tinha, é tudo meu, MEU, rá rá!) uma coleção respeitável de Animal (Feio, Forte e Formal), e depois de muito tempo, resolvi encarar de trazer o pacotaço pra casa. Chego lá na portaria exatamente na hora em que a carteira Adriana me traz o pacote de papel pardo, recheado de isopor para não quebrar o compacto de vinil que acabei de ganhar de presente. O que a Animal tem a ver com isso? O sujeito que me mandou o disquinho é um querido que colaborava com a revista (na época eu achava todo aquele papo de psychobilly e putarias anais com serra elétrica meio estranho, mas relendo depois de burra velha, pelo menos a parte de psychobilly eu já aceito numa boa).

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O compacto? “Lancelot Link & The Evolution Revolution”, mas ainda não estive com nenhum chimpanzé para apontar uma coincidência número 3 – no entanto, estive com alguns seres humanos – uma humana, em particular, que anda com a vida tão surreal que mais parece um filme do Altman, de tantos personagens que se cruzam por aí.

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Não curto esse papo de ‘não existem coincidências, é tudo obra do destino’. Principalmente porque o destino jamais se preocuparia com algo tão irrelevante quanto a cor dos meus cabelos.

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Ouve essa, que foda: segundo este site, The Evolution Revolution eram ninguém menos que os músicos do The Grass Roots (mais conhecidos aqui por “Midnight Confession”, musicão que já andou aparecendo em alguma trilha sonora do Tarantino), com outros vocais.

Não, nunca acreditei que eram realmente macacos tocando. Só pra constar.

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Esse tal de “Noite do Oráculo”, livro novo do Paul Auster, é bom demais da conta. Já já termino e falo com calma sobre ele aqui.

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