Curitiba Pop Festival, 2004


Irra.

O que raios aconteceu com o blogger enquanto eu estava fora?

* * *

– Saída do Rio, amiga de infância, amigos de adolescência, amigos recentes. Tudo conspirava a favor do bom clima do fim de semana.

– A gente vai longe desse jeito pra chegar lá e assitir ao Xaveco, programa com o freak do Celso Portiolli. É claro que, quando você tem uma amiga há 25 anos que é tosca igual a você, esses lances deprimentes ficam subitamente engraçados paca.

– Infelizmente, chegamos no final do show do Pipodélica, na 6 feira. Digo infelizmente, porque perdi o Kingstone, que queria muito conhecer. Mas tudo bem, tá valendo. Rolou um reconhecimento de terreno e, é claro, muita gente conhecida, com quem falo via listas de internet e icq há tempos, e nunca tinha encontrado ao vivo. Mas muita gente querida MESMO. Yay.

– Encontrando a Anne, ela me conta que a Caterina nasceu. Melhor notícia do fim de semana, disparado.

– Amiga minha encontrou o Joey Santiago e o David Lovering numa churrascaria, e tirou fotos para comprovar. Mas a presença dos Pixies na cidade não causou, de longe, a mesma comoção que o Jerry Adriani hospedado no mesmo hotel que a gente. Isso sim foi foda.

– Eu já havia ouvido falar do Sonic Jr, mas não sabia que era tão bom.

– O Hell On Wheels é muito mais ou menos. A banda é boa, os caras tocam bem. Mas pra ouvir uma banda soando como os Violent Femmes, prefiro ouvir os originais.

– Eu não iria até Curitiba só para ver o Teenage Fanclub, embora goste muito da banda. No máximo, iria até SP. No entanto, ver o show e ouvir os relatos dos amigos que viram os shows de SP e Recife me fez gostar MAIS dos caras. Eles são simpáticos, eles viram os Pixies da platéia, com a galera, eles tocaram o Grand Prix (que é o disco deles que eu tenho e adoro) quase todo, eles são muito boa praça. Eu gostava mas não era fã. Agora sou.

– Um frio do cacete, todo mundo morto de viagem e pouco sono, e nego ainda faz festa no hotel. Não fui. Apaguei, velha que sou. No que fiz muito bem.

– Sábado era *o* dia. Depois de uma bateção de perna com a Bel e com o 90, e almoço num ‘all you can eat’ por cinco reais (eu amo Curitiba), voei para entregar a câmera para a Simone antes dos Autoramas saírem do hotel. A mulherada toda de oncinha rendeu piadas e fotos.

– Rumamos cedo para a Pedreira no intuito de ver o Grenade, mas desta vez os shows foram pontuais até demais. Mas vi Autoramas, que adoro (e ver a galera de Curitiba vibrando no show dos caras foi lindo), vi o show do Pelebrói e a sábia provocação para a galera do lado B invadir o lado A (aquela história de área ‘vip’ pra quem comprou ingresso antes não tinha como dar certo e, apesar do meu ingresso dar direito à proximidade do palco, foi EMOCIONANTE ver aquele mundão de gente curtindo junto. Showzaço. Aí vi o Relespública, muito bom!!! Só conhecia de coletânea, adorei!

– A grande surpresa da noite foi o show de Wander Wildner, Frank Jorge e Flu, que não se limitaram a tocar sucessos de suas bandas atuais, fazendo um puta tributo ao melhor do rock gaúcho. Bandinhas atuais ficaram de fora, claro, porque rock gaúcho bom de verdade é Replicantes, DeFalla, Cascavelettes e Graforréia Xilarmônica. E, é claro, aquele som tosqueira do Wander solo, que pode ser tosco, mas é divertido pra cacete.

– Os Pin Ups assassinaram ‘In a hole’, do Jesus & Mary Chain, em pleno palco. A melhor coisa do show foi nego se apressando para não atrasar o Pixies.

– O que foi? Alguém está esperando algum parecer meu sobre o show do Pixies? Tirando o fato de que fiquei hipnotizada durante o show inteiro, estrategicamente posicionada bem na frente, na lateral, com um campo de visão excelente para um show com oito mil pessoas, e que consegui fotografar alguma coisa, tudo o que eu disser será óbvio demais. É claro que o show foi foda. Que a Kim Deal toca mal mesmo mas sem ela não há banda, e que sentir a vibração das notas do baixo com a bateria do David Lovering retumbando no peito e fazendo tremer aquilo lá foi lindo e eu bem dei uma choradinha de leve. Que Pixies é do caralho mas eu não consigo entender tamanha histeria das fotologgers à minha volta, que berravam tanto que nem devem ter curtido o show direito. Que ouvir ‘Hey’ com a Bel do lado foi um momento histórico. Que o David Lovering (de novo ele) está com um mullet cafonésimo, mas ele certamente é o cara cool da banda. Que o Joey Santiago envelheceu muito nesses anos, mas o Frank Black continua com a mesma cara. Que algumas músicas mereciam ser cantadas com mãozinha no coração. Que estou completamente sem voz (em grande parte porque minha garganta parece não gostar de frio). Que foi uma viagem longa, cara e cansativa, mas valeu muito a pena.

– Já no hotel, mais festa. É claro que a velha aqui não compareceu mais uma vez, preferindo descansar sob as cobertas, vendo um filme muito merda que passava no SBT, e que eu preciso mencionar aqui porque já esbarrei com essa tosqueira na tevê uma vez, criei a mesma interrogação na testa (‘de onde surgiu isso, meu deus?’), mas agora catei no imdb e descobri o título em inglês, “The Attack of the 5 ft. 2 Women”. Como os filmes mais toscos, este foi feito para tv, e conta uma versão completamente zoada de dois casos que mereceram a atenção da mídia norte-americana: a história de Lorena Bobbit, a cabeleireira que decepou o pênis do marido, e da patinadora Tonya Harding, que contratou seu segurança para dar uma sova na rival Nancy Kerrigan. O filme é trash, engraçado, absurdo, e eu estava leve por finalmente ter assistido ao show que esperei por tanto tempo.

– Não posso morrer feliz ainda. Ainda não vi os Stray Cats.

– Essa é pra Gabby: a excursão fez jus ao nome ‘Caravana Maldita’ na volta, quando passamos por um de nossos ônibus quebrado em SP e outro batido na Avenida Brasil (por sorte, ninguém se machucou). Quase, hein? ;p

– Eu? Pilhada? I-ma-gi-na!

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