Corpo Presente
– E aí, cara?
– Beleza?
– Beleza!
(…)
– E aí, gostou do livro?
– Adorei!
– Caralho, você realmente leu?
– Lógico, vou comprar pra botar na estante sem ler? E é gostoso, flui rápido.. você faz os capítulos pequeninos mas tem vocabulário rico, boas construções, algumas metáforas sensacionais.. isso faz toda a diferença!
É que desde a época do Folhetim Bizarro que eu leio o João Paulo, que ainda calha de ser um dos meus guitarristas preferidos no ‘mundo real’. O garoto tem um talento excepcional para a arte da escrita – e consegue transformar temas aparentemente escrotos como ‘sexo sujo’, drogas pesadas’ e ‘rock ruim’ em boa leitura.
Primeiro, no blog de pequenos contos, JP usava esses temas não por gratuidade, mas para dizer o que todo mundo pensa mas não tem coragem de explanar.
Agora, em Corpo Presente, João fala de Carmen, todas as mulheres do mundo. Carmen é mãe, é esposa, é ombro amigo, é sexo sem compromisso – no entanto, a grande musa do livro não é mulher alguma: é Copacabana, todos os bairros do mundo. Em sua descrição das ruas, apartamentos, bares e boates, JP realmente te ambienta na cidade que é Copa – e eu, na minha casinha rosa ali perto mas não exatamente lá, consegui sentir o cheiro de suas ruas, ver as cores das luzes dos inferninhos e esbarrar com seus coadjuvantes. Isso é ser bom – mais do que simplesmente descritivo, você realmente consegue envolver o leitor.
E “Corpo Presente” te envolve mesmo. Confira.