Eu.. perdi.. o. .beijo.. DE LÍNGUA.. da.. Madonna.. na.. Britney.. Spears.. no.. VMA???
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Os Assassínios da Rua Morgue
Não vi o filme, fui direto no livro e me frustrei um bocado – a lógica de Auguste Dupin é impecável, e creio que o que importava em “Os Assassínios da Rua Morgue” era mesmo a construção de um personagem detetive amador, curioso profissional, dotado de raciocínio lógico e cultura geral, e a maneira como ele soluciona o mistério, e não o mistério em si – se bem que, à metade dos depoimentos, eu já imaginava o desfecho, com a diferença que eu não inspecionei a casa de Madame L’Espanaye e não sabia como o assassino havia saído dali. De qualquer forma, fiquei um bocado frustrada sabendo que o mestre do suspense e terror psicológico foi capaz disso. De escrever um assassinato cometido por um.. por um.. é, isso aí. Um macaco, pronto, contei. Bicho, que decepção! E foi uma decepção anunciada, a voz estridente num idioma não reconhecido por nenhum europeu, a força descomunal, a maneira pouco convencional de esconder o corpo, os gritos.. e o pior é que nem dá pra dizer que ele melhorou com o tempo, pois o conto data do auge de sua produção.
Ok, ok, em 1848 as pessoas eram mais ingênuas. Lia, dá um desconto.
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“nota dez para as meninas da torcida adversária
parabéns aos acadêmicos da associação
saudações para os formandos da cadeira de direito
a todas as senhoras, muita consideração
porrada! nos caras que não fazem nada!! Porrada!! nos caras que não fazem nada!”
Sim, o acústico encheu o saco de todo mundo. Sim, foi um tanto caça-níquel. Mas ei, se eu tivesse uma banda e precisasse de uma grana extra, a primeira coisa que eu faria seria uma cover de Roberto Carlos. E eu perdôo o acústico dos Titãs porque quem é bom PODE e tem o direito de viver de música. E sim, eles são bons.
Não adianta falar que eles seguiram modinha e chamaram o Jack Endino pra produzir na época do grunge, não adianta falar que “Isso pra mim é perfume” (“Amor, eu quero te ver cagar”)é de um mau gosto extremo, por que eu sei que é. Mas os Titãs eu perdôo. Eles fizeram um disco como o “Õ Blesq Blom”, eles fizeram “Estado Violência”, “Homem Primata”, “Tô Cansado”, “Filantrópico”, fizeram “Toda Cor” – e essa foi logo no comecinho, quando ninguém tem a obrigação de ser bom. Também no comecinho, fizeram “Insensível”, que faz até a gente perdoar a rima de “ladinho” e “radinho de pilha” de “Sonífera Ilha”.
Os Titãs fizeram “Dona Nenê”, com aqueles teclados alucinados e métrica esquisita, que só o Devo faria igual. Os Titãs fizeram “Jesus Não tem Dentes no País do Banguelas”, um disco estranho de engolir, apesar de uma ou outra faixa mais pop. Foram ficando cada vez mais esquisitos e chegaram a “Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguida de Orgia”, tá no “Titanomaquia” e é maravilhosa. O clima do disco é tão pesado, e eles ficaram tão longe do público que fizeram o “Domingo”. E, porra, o “Domingo” é um discão subestimado pacas. “Domingo” foi pouco ouvido, e pouco gostado – e, apesar do clima mais pop do que o do ‘Titanomaquia’, ainda não foi dessa vez que eles tiveram o retorno (merecido) ao gosto popular: foi quando regravaram Roberto Carlos. Assim até eu – e aí vem aquele povo todo com aquele papo furado de que a banda se vendeu, que os Titãs não são mais os mesmos, que tá rolando uma crise de criatividade brabeira e tudo o mais.
Sim, o Arnaldo Antunes saiu, o Marcelo Fromer morreu, o Nando Reis está muito dedicado a seus projetos pessoais, a enteada do Branco Melo tá apresentando programa de esportes na tevê, o Gavin tá lá lançando velharias legais em cd e, se a Malu Mader está feliz, é sinal de que o Belloto não está tão preocupado assim com a banda.
Sobram o Paulo Miklos e o Sérgio Brito, enfim.
E ainda assim eles fizeram “A Melhor Banda dos Últimos Tempos da Última Semana”. Não é um “Cabeça Dinossauro” nem um Õ Blesq Blom. Mas até queeles ainda estão criando bem.
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E o Nick Cave, hein? Que voz, que classe, meu deus!