Diarinho, com direito a citação de poeminha famoso
Pra uns, é a sua vênus. Pra outros, você quer agradar sua pomba-gira. Pra outros, é sua cigana. Pra Roberta Miranda, é “a mulher em mim”. Então que hoje eu passei o dia inteiro de pijama e a noite de jeans e camiseta – uma camiseta que tenho desde os dezessete anos, com a máscara do Fantasma da Ópera que brilha no escuro. Eu tou assim, low profile. Mas não dispenso a sombra roxa metalizada ‘asa de borboleta’. Como meu produtor de moda particular disse que seria um must da estação, e minha cigana aprova.
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Porque eu sou uma fofa, um doce, sempre sorridente – no entanto sou crítica, chata e não tenho mais saco pra coisas e pessoas abaixo da minha capacidade intelectual – que é, convenhamos, média – mas finge que é alta. E, embora ultimamente tenha estado mais reclamona, ranzinza e ranheta, e menos otimista (as pessoas não entendem que eu não vejo o mundo em cor-de-rosa, eu apenas me esforço para acreditar que ele seja, pra não ter que pedir as contas cedo demais), hoje me sinto amável, querida e até casadoira (embora não esteja casadoira de fato). Prova disso é que minha casa está um horror, bagunçada, estou adiando o aspirador por dias (amanhã eu passo, juro!), mas o pirex de legumes gratinados ficou até gostosinho. “Ampliei nosso menu!”, “nosso” de quem, cara pálida? Mocinha, nunca se esqueça de que você escolheu viver só. Também não se esqueça de que das outras vezes que as coisas tentaram mudar, foi você que quis continuar só. Então eu ampliei o menu das visitas, e não se fala mais nisso até segunda ordem, ok?
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Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
“Though thy crest be shorn and shaven thou,” I said, “art sure no craven,
Ghastly, grim, and ancient raven, wandering from the nightly shore.
Tell me what the lordly name is on the Night’s Plutonian shore.”
Quoth the raven, “Nevermore.”
Resolvi voltar a ler E.A. Poe, depois de anos lendo apenas as “histórias extraordinárias” e os contos que deram origem a filmes do Roger Corman. E nessa, é claro, lembrei que desde uns 14 anos que tenho a idéia fixa de ter uma filha Lenora – idéia que continua remotíssima, óbvio, mas vamos supor que houvesse uma possibilidade mais ou menos real da primogênita canhota, conforme conversa onde me traí – de novo! –. Nesse caso – e só nesse – eu teria outra homenagem pra fazer 🙂