..e a modernidade pairou sobre nós!

Nunca imaginei que isso um dia se tornaria possível: não os ‘amiguinhos por correspondência’, que a minha amiga Cris provou que existem e podem ser feitos pela seção de cartas da revista da Mônica, e hoje apenas mudaram a mídia e o meio de contato.

A coisa MODERNA a que não me acostumei ainda é o fato de ver um desses ‘amiguinhos por correspondência modernos’ na tela do meu computador, falando, gesticulando, e ainda por cima com uma qualidade razoável de imagem e streaming.. qualidade até boa, por sinal (levando em conta as limitações da mídia).

Estou me sentindo uma JETSON.

18/08/2003, Querido diário:

Hoje coloquei comida num aparelho que era só apertar um botão que a comida ficava quente – e apitava quando ficava quente. O aparelho serve não só para esquentar comida como também pra preparar comidas desidratadas, como as dos astronautas! Que supimpa!


Ainda preciso curar algumas frustrações, como a do meu livrinho do final dos anos 60, começo dos anos 70 (eu sou do final dos 70, a propósito) que dizia que “no ano 2000, todos teremos naves espaciais em nossas garagens”.

Eu acreditei, só tinha 4 anos (entende o que falei no post anterior sobre a durabilidade do cheiro dos livros? Uma criança de 4 anos aprendeu a ler com um livro da geração anterior).

Mas ainda assim, mesmo sabendo que ainda falta muito para o ideal de ano 2000 que eu queria, estou me sentindo uma Jetson.

* * *

Sonho

Eu estava no aeroporto, um aeroporto qualquer à noite, tempo chuvoso, e numa equipe de detetives e policiais típicos de seriados do USA ou da Sony. Eu devia ver menos tevê, ou talvez esse sonho tenha sido uma espécie de ressentimento por ter esquecido de ver “Monk”, ou ainda por conta daquele papo de “eu deveria ter seguido carreira de detetive particular”. Não importa. Importa é que acharam uma cabeça decepada na mala de mão de uma dondoca (muito parecida com a dondoca de “V For Vendetta”), e lá fomos nós, à paisana, no avião que a senhora entrou para descobrir quem colocou a cabeça ali e de quem era.

Nossa equipe contava comigo (óbvio), com Adrian Monk e sua assistente (num daqueles casos em que você reconhece o ator mas ele se comporta como o personagem), minha amiga Rachel, a Sabrina que estudou comigo na faculdade e uns dois ou três desconhecidos.

O principal suspeito (TODOS ali eram suspeitos, na verdade) se fazia de bonzinho e nos levava cobertores e travesseiros. O avião tinha uma estrutura interna que lembrava um desses grandes cinemas de rua, e fazia o trajeto São Paulo/ Rio pela via Dutra (isso mesmo. Por terra.).

Lembro que nossa equipe começava a se desfalcar (uns iam ao banheiro e não voltavam, outros caíam no sono, desfazendo a vigília ao assassino). Lembro de não poder confiar no sujeito do meu lado pra contar o que eu estava fazendo, lembro de desconfiar do colírio do sujeito sentado atrás de mim, achando que era veneno. Lembro também de perceber que Monk não era Monk, e sim nosso vilão, que além de tudo tinha o poder de se transmorfar. Era ele que estava seqüestrando nossa equipe, e se fazendo passar por eles.

Pena que quando descobri isso, o cinema (era um avião) começou a encher de gente moderna e descolada, numa festa tipo carnaval que culminou com o João Gordo apresentando um documentário sobre o Pedro de Lara nas favelas do Rio – e o documentário era projetado na tela na nossa frente, e também a laser nos céus da cidade de São Paulo.

* * *

Agora estou com receio de dormir de novo, e acordar tão cansada como hoje.

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