Cuidado com o que você pensa…

O assunto ontem na festa do meu irmão foi – ok, um dos assuntos, dei a sorte de cair numa família que preza pelo cinismo, sarcasmo e ironia, além da necessidade de falar de tudo e de todos, e de elaborar teorias loucas sobre qualquer assunto – e isso vai da origem do universo até a origem do termo “enfezado” (= “cheio de fezes”, todo mundo sabe que pessoas com prisão de ventre sofrem de mau humor) – então, acabamos caindo no assunto “o palanque do Garotinho, que caiu”.

Dei meus dois centavos dizendo “Bem feito, eu estava morrendo de pressa, dentro de um ônibus na Av. Rio Branco, ônibus esse que teve que desviar porque o trânsito do centro do Rio às 18:30 já é meio caótico, mas com aquela porra daquele comício, fiquei parada um tempão – e ainda ia passar em casa e voltar para o Centro”. Lembrei que fiquei horas remoendo a frase “me recuso a votar em uma cantidata a governadora que causa um caos desse na cidade”. Fiquei putíssima com aquela merda daquele comício, bem feito, bem feito, bem feito.

Ocorre que quando falei isso ontem, meu irmão bem me lembrou que eu matei os Mamonas Assassinas. Não, eles já estavam mortos, mas quando meu irmão me ligou (eu estava morando fora) dizendo “Sabe quem morreu?” e eu disse “Não sei, mas tomara que tenham sido os Mamonas Assassinas” e ele disse “É….”, confesso que senti um certo remorso pelo desejo de que eles morressem.

Eu não sou uma pessoa má (sim, estou nas últimas páginas do livro “Como Ser Legal”, não é auto-ajuda!!! É do Nick Hornby e eu acho que vocês deveriam ler alguma coisa dele,se ainda não o fizeram), mas confesso que às vezes desejo o mal às pessoas – é involuntário, é inofensivo, é apenas um veneninho saudável, mas mesmo assim eu posso matar pessoas. Isso não é legal. Eu deveria tomar cuidado com os meus desejos.

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O homem ideal…

Então, eu ia dizer aqui que meu homem ideal me tira pra dançar coladinho na sala da minha casa enquanto rola “Jockey Full Of Bourbon”, do Tom Waits, mas depois pensei que nem todo cara que dança coladinho e gosta de Tom Waits é o homem ideal. Descobri então que preciso refinar minha busca, do contrário é capaz de aparecer alguém que dança coladinho e ouve Tom Waits mas, sei lá, é alguma espécie de fanático religioso, ou peida demais, ou não respeita meu gosto musical e meus vinis do Roberto Carlos, ou tem ciúmes dos meus amigos, ou é feio pra caralho, ou não gosta de mulher ou… bem, preciso refinar minha busca. Se e consigo matar um grupo inteiro num acidente de avião só porque a música dos caras me enche o saco, consigo atrair algum mocorongo que, por alguma ironia do destino, gosta TAMBÉM de Tom Waits.

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