Motivação 3


Amiga dia desses pediu um post especial no Projeto AutoAjuda: diz ela que anda desmotivada ultimamente, em especial com a faculdade. Amiga estuda, trabalha, é casada e está prestes a entrar no retorno de saturno, aquela fase da crise dos pré-trinta que os astrólogos atribuem a saturno e os céticos dizem que é apenas a crise de quem vai fazer trinta anos e ainda não fez nada de relevante na vida – não que ser uma pessoa legal e querida não seja relevante, mas a gente fica vendo Brian Wilson fazendo o Pet Sounds aos 23, uma galera milionária antes dos trinta e a gente aqui, de vagabundagem no Facebook, com um emprego que a gente não sabe se é isso o que quer pro resto da vida (agora eu já sei, mas aos 27 eu não sabia mesmo), às vésperas de descobrir o que motiva a gente.

Uma coisa é certa: não é um post em um blog que vai fazer a amiga encontrar sua motivação. No meu caso, foram necessários uns bons anos de análise para descobrir que… que minha motivação estava exatamente em todas as coisas que eu sempre quis e, por algum motivo, batia cabeça com trabalhos / namorados / hobbies equivocados, quando tudo o que eu sempre quis estava lá, na minha frente, esse tempo todo. Lembro bem do meu terapeuta rindo da minha cara com meus sonhos recorrentes com cinema, com minhas histórias com uns sujeitos que hoje graças a deus são passado, e hoje tamos aí: quando eu era criança, queria ser escritora e hoje tou aqui, escrevendo pra vocês; queria cinema e entretenimento na minha vida, sempre levei jeito pra comunicação, e hoje tou aqui, ó, trabalhando com algo que amo; idealizava o ‘homem da minha vida’ tão parecido com o homem que hoje está na minha vida, que chega a assustar. Se falta algo na vida? Claro que falta! Não é assim que a humanidade evolui? Mas as coisas que me faltam, hoje, me motivam a correr atrás para conseguir, e não o contrário. Elas não tiram minha motivação.

O que tira minha motivação é perceber que não estou fazendo o que queria. Em 2004 ou 2005 eu tinha um emprego legal, ganhando direito, com perspectivas de crescimento, rodeada de pessoas legais, e o que é mais curioso: com relação com o que faço hoje. Mas não era a mesma coisa. Fui pra lá acreditando que seria uma coisa e era outra (pra ser mais específica: o discurso era de educação. a prática era de treinamento. o discurso era de qualidade e inovação. a prática era de fórmula pronta). Consegui inovar, consegui mudar alguns paradigmas e saí de lá pra quebrar a cara na indústria do entretenimento e para chegar onde estou hoje, numa posição muito parecida com a que estava naquela época, mas… hoje entendo o treinamento e a importância da fórmula pronta. Às vezes o que não te motiva hoje pode te motivar amanhã.

O que me mantém motivada é pensar no fim. Já falei isso aqui uma vez. Acordou desmotivada com o emprego? Pensa que é ele que te permite pagar suas contas e, eventualmente, comprar um aparelho de som fodaço ou fazer um curso interessante. Amiga tá desmotivada com a faculdade? PENSA NO DIPLOMA, em como vai te permitir fazer uns concursos interessantes ou te dar credibilidade na sua área. Agora… a desmotivação é diária? Se você não está fazendo nenhum tipo de acompanhamento psicológico regular…

…vale a pena tirar uns minutos por dia pra pensar na vida: todos os dias, meia horinha pra pensar no trabalho, na faculdade, no casamento, na vida que você está levando. Nossa sociedade valoriza o diploma, mas e aí? É isso o que você quer fazer? É essa a carreira que – agora – você quer seguir? (veja bem, você ainda pode mudar de ideia várias vezes na sua vida. nada é pra sempre).O emprego te dá mais estresse do que alegrias? Então é hora de planejar mudanças (e acho até que isso merece um post à parte) – seja mudar de emprego, de marido ou de faculdade, ou… bem, essa é difícil mas é incrivelmente válida:

mudar a maneira como você se relaciona com o trabalho, com o marido, com a faculdade ou o que quer que seja que não te motive agora. É acordar todos os dias e falar pra si mesma “ok, são só 4 anos. Vamos nessa. É pro meu bem”. É acordar todos os dias e pensar “ok, são só 8h enquanto não arrumo algo melhor” (e vai tratando de procurar algo melhor em paralelo). Ou ainda “ok, são só 8h, mas eu vou sair daqui direto pra aula de dança/pro caderno de desenho/ pro blog / pro baile / pro cinema / pra minha câmera fotográfica / pra câmera de vídeo e OBRIGADA, TRABALHO, que me permite ter um tempo livre para as outras coisas que gosto de fazer e alguma verba pra investir na minha carreira paralela”. Sei lá. É uma alternativa. Mas lembre-se de agradecer diariamente, porque emprego não tá fácil pra ninguém.

…e enquanto faz uma autoanálise da sua vida (recomendo enfaticamente o acompanhamento de um profissional especializado nisso, hein?), trate de descobrir o que te motiva. No dia em que descobri que dança me motivava, saí da vida de escrava branca na TV. Mas você pode descobrir que ter dinheiro te motiva, então você vai acumular três empregos de uma vez. No dia em que percebi que estudar mais ajudaria a aumentar minha renda e me permitiria dançar bem mais despreocupada num futuro não muito distante, entrei no modo motivação para os estudos, suspendi as aulas de dança (“são só dois anos! são só dois anos!”) e me dediquei full time a sair do “superior completo” para o “pós graduado”. Mas ainda acho que arte me motiva. Por isso dedico sempre um tempinho ao desenho, às costuras, à música. Só que também acho que ajudar os outros me motiva, então é por isso que estou aqui, escrevendo.

Espero ter ajudado.

Tem mais motivação aqui: projetoautoajuda.blogspot.com/search/label/motivação .

E lembre-se:

http://www.despair.com/motivation.html – Despair.com: desmotivando as pessoas desde quando, mesmo?

Você não vai achar motivação num post de blog de autoajuda. 🙂  Mas você pode tentar encontrar alguns caminhos para dar um fim ou mudar sua relação com o que não te motiva, ou achar o que te deixa motivada.Way to go. Qualquer coisa, grita.


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3 pensamentos em “Motivação

  • Fernanda Lelis

    Muito obrigada!Como vc disse: não resolveu meus problemas, mas já ajudou bastante, aliás, só aquele lance que vc tinha falado no Face que eu devia pensar no porquê de estar fazendo o curso, já me ajudou muito. Pensei bastante, e vi que estou realizando o meu sonho de infância. Só que eu tava com a motivação errada (dinheiro). Acabei concluindo que a minha profissão e os meus estudos podem contribuir para um mundo melhor! Também ocupei minha cabeça pensando no quanto sou sortuda por tudo que eu tenho hoje em dia! E só isso já me fez encarar com muito mais positividade o processo todo.Mais uma vez, muito obrigada!

  • Lia

    Pois é, como você não foi muito específica fora o lance da faculdade, atirei pra alguns lados, até porque outras pessoas podem se identificar. De qualquer forma, o que você PRECISA lembrar é daquele mantrazinho diário, sabe? De acordar e agradecer e lembrar todos os dias de qual é a sua motivação (vale escrever na agenda, no papel de parede do computador, qualquer coisa). Tem que lembrar todo dia. E qualquer coisa, tamos aí!Beijos!