Branca de Neve espanhol, melodramático e surrealista. Bem Lia


Acabo de assistir a “Blancanieves”, de Pablo Berger,  uma adaptação e tanto da clássica história dos irmãos Grimm – dessa vez, muito diferente da versão da Disney.

Inevitável comparar o filme de Berger com “O Artista”, ambos mudos, em P&B e ambientados nos anos 1920 – mas enquanto “O artista” é uma ode à indústria cinematográfica, “Blancanieves” é uma ode à cultura espanhola (e já estava em produção quando “O artista” foi lançado). A história, ligeiramente diferente da versão conhecida pela Disney mas não menos trágica, acompanha a pequena Carmen, filha de uma dançarina com um toureiro famoso. Sua mãe morreu no parto e, criada pela avó por exigência da madrasta, vai morar no palacete do pai ainda criança – mas sempre maltratada pela cruel madrasta Encarna, que a priva do contato com o pai.

Expulsa de casa após a morte do pai, é encontrada desmemoriada por uma trupe de anões toureiros. Não há príncipe, o romance é platônico, o final subverte a história que conhecemos e a música flamenca permeia o filme. – que, como já disse ali em cima, é mudo. E espanhol. Há melodrama, há surrealismo, há um humor esquisito e há uma ode à cultura  espanhola. Chamar a menina de Carmen e fazê-la ao mesmo tempo dançarina e toureira já é uma espécie de mashup curioso – e que fala diretamente com referências culturais que me acompanham desde pequena.

Você também devia assistir, acho. O filme é tenso, a direção de arte é perfeita, a história presta referência à versão conhecida, mas com uma visão bem diferente. Minha cotação pessoal é cinco estrelas – a minha e, pelo visto, a dos jurados do Prêmio Goya. Veja, se você não viu. E me agradeça depois.

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