Da arte da escrita


Já fui do tipo que escreve mais e melhor. É só fuçar posts antigos deste blog para tirar a prova: lá pelos meus vinte e poucos anos, ainda não haviam os ‘probloggers‘, ninguém te pedia midia kit porque, por deus! Era só um blog. Eu mesma fiz um esses dias porque algum conhecido que trabalha numa agência pediu. Não que eu ache que esse blog aqui vai me sustentar (você já deve ter visto uns anunciozinhos por aí. RELAXA, também não acho que este blog vai me sustentar, mas estou observando e testando adsense para os projetos paralelos). Porque naquela época, ninguém vivia de blog, blog era só uma vitrine dos seus textos, dos seus pensamentos, do que mais você quisesse escrever.

Compartilhar links e curiosidades também era muito mais complicado em dois mil e um, dois mil e dois. Só tinha mesmo o blog pra fazer isso. Você acha que Orkut é ultrapassado? Pois a gente usava Friendster e Multiply! Não tinha Twitter, Facebook, Google+ nem nada disso: tinha, sim, um garimpo danado pra achar alguma informação disponível sobre algum assunto específico (geralmente a gente procurava no Altavista e achava num diretório qualquer do Tripod ou do Geocities), mas até para atualizar constantemente essas páginas era complicado, porque requeria alguma noção de html e publicação, então quando vim pro blogger.com, vim com esse espírito, digamos. E com o espírito de uma jovenzinha de vinte e poucos anos que, apesar de trabalhar e estudar, tinha mais tempo e disposição para achar as palavras certas para escrever, também.

Entreter com as palavras, definitivamente, é para poucos: requer uma dedicação que, confesso, não tenho mais, já que divido minha dedicação ao trabalho, aos estudos de pós-graduação, aos projetos paralelos, ao marido, à casa, ao ukulele, à família, ao bambolê e, quando sobra um tempinho, à vida social, atualmente mais online do que qualquer outra coisa. Se você perguntar “mas, Lia, você desaprendeu a escrever?”, ouvirá um sonoro “não” como resposta, e te entubo um artigo acadêmico, uma aula de roteiro, duas ou três justificativas de abertura de processo, um plano de comunicação… e te garanto que tudo isso é muito bem escrito! Mas, para isso, precisei aceitar minha verdadeira vocação, que não era ser ‘a sucessora de Paul Auster’, como eu gostaria. Sabe aquelas histórias incríveis sobre o próprio ato de escrever? Personagens indissociáveis de seus autores? Já admiti que não vou fazer isso. Textos incríveis narrando o submundo do Rio de Janeiro, o rock’n’roll em sua mais pura essência, putarias e bebedeiras? Olha bem pra minha cara de dona de casa responsável, vai ler um Bukowski e não me enche o saco.

Também já admiti, e se você é um desses leitores antigos que me acompanha desde o Elevador.org, sabe disso, que aqui também não é lugar para crises existenciais, relatos pessoais demais, não é lugar de abrir meu coração. Primeiro porque não tenho crise existencial desde 2006, mais ou menos. Segundo porque abrir o coração num espaço onde, potencialmente, todo e qualquer desconhecido pode chegar, não é exatamente meu ideal de privacidade. Depois fica aquele bando de gente que acha que te conhece intimamente porque leu um texto teu na internet… já passei por isso e não quero de novo, não.

Então pra que serve este blog, pelamordedeus?

Faz sentido continuar escrevendo em blog?

Rá.

BAZINGA!

Enganei vocês direitinho. Não, este post não é um post de ‘este blog não tem mais sentido’. Foi só um exercício de digitação e brainstorming mesmo. Tenho andado muito sintética ultimamente, e na internet tenho compartilhado mais do que criado (mas é que, gente, a vida offline tá uma loucura! UMA LOUCURA!). Como estou de férias, achei por bem escrever um pouco mais que o habitual, pra lembrar que ainda sei fazer isso.

Fiquem bem.

Pra não perder o hábito do compartilhamento de links, um pouco de Patsy Cline pra vocês. Mas esse fui eu que fiz, ó:


http://youtu.be/F46YX03AH4Y

Fiquem bem. Qualquer coisa, me chamem.

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