CATAPLAFT!


Não curto tênis em dia de chuva, molha, fica tudo empapado, pé molhado sem poder secar, deus me livre. Vou de botas ou com a clássica sandalinha de plástico, e pulo poças, intrépida, lépida e fagueira pelas ruas do meu lindo (e nem um pouco estruturado pra chuva) Rio de Janeiro.

O modelo de hoje, esquisitão porém funcional, solado de borracha vulcanizada, me mantinha a uns 7cm de distância do chão. A parte de cima, plástico cinza meio prata, su-per-com-bi-nan-do com os bling-blings, porque ando feita de strass por esses dias. Tiagón na cidade esperando prum chopp, e no meio da Rio Branco me percebo arrastando o pé da mesma maneira que já sacaneei muito [fulanodetal], mentalmente, é claro, por fazer igual – sem nenhuma particularidade física que o obrigue a andar sem tirar os pés do chão toda vez que adentra o recinto. Eu estava andando de rasteirinha num pé, e a 7cm do solo, no outro. “Tá raso, tá fundo”. Não tive paciência pra esperar o Leme e desci ali no comecinho de Copa, “tá raso, tá fundo”, soltei a sola do outro pé e lá fui eu de rasteirinha – bling! bling! – pra casa. Agora, perto do solo, minhas novas mules escorregavam, mas vamo que vamo…

…ali na Princesa Isabel, CATAPLAFT! E lá vai uma Lia de bunda no chão. Caí sentadinha, sentadinha, com as perninhas fechadas como uma lady que sou, e agradeci mamãe pela genética espetacular, à Caloi, aos anos de flamenco e ao “MULHERES AO CHÃO!” do rock’n’roll em linha, que fizeram com que o estrago não fosse demais.

Confesso que foi comovente ver o pessoal que atravessava a rua me ajudando a levantar, perguntando se eu estava bem. Obrigada, obrigada, foi só um escorregão, obrigada pela gentileza.

Mas e a dignidade?

Foi mal, zentes, mas amanhã vou de chinelas havaianas pro escritório, pra não ter erro, e saco de pão na cabeça pra ninguém me reconhecer até lá, viu?

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