Mais sobre musicalidade e ritmo


Quando eu disse que cavalheiros deviam fazer essa aula também, falei sério.

Dançar sem música é possível, mas no salão… entender o que a música quer te dizer é fundamental. E não é apenas entender o que diz a letra, mas o andamento, as variações de voz ou de arranjos, ora mais suaves, ora mais fortes… às vezes numa mesma música! E as pessoas lá, dançando como se essas variações não existissem, apenas reproduzindo os passos que aprenderam na academia.

Entendo que as motivações para se aprender dança – e, principalmente, a dança de salão, que além de tudo te possibilita uma vida social – são várias. A minha, por exemplo, foi a paixão por um certo gênero musical. Escrevo sobre música numa revista razoavelmente importante, aprendi a tocar instrumentos e a usar minha própria voz como instrumento, aprendi a dançar tocando, tive aula de música na escola… mas ninguém precisa disso tudo. Basta saber curtir o som que vem das caixas, respondendo com o corpo ao que a música tenta nos dizer. Uma batida marcada pede um pé batendo, uma melodia sinuosa pede uma ondulação do corpo… quer um bom exercício? Ouvir, curtindo e tentando responder, a Rhapsody in Blue de George Gershwin. Não é exatamente uma música fácil para dançar, mas é uma música divertida para entender música (e, na minha modesta opinião, a música mais bonita do universo).

Aqui, a Parte 1 (para ouvir on-line ou para baixar).

Aqui, a Parte 1 (para ouvir on-line ou para baixar).

Na aula, aprendemos a contar até oito e a encaixar os passos (ou acordes!) nessa contagem – o que geralmente funciona. Mas a dança fica muito mais divertida quando a gente responde às nuances da música, às paradinhas, ao andamento (gente, créu não, tá?) ali mesmo, na pista – a música te informa e você devolve, no ato, essa informação – podendo até voltar para o ‘oito’ básico, se a música pedir.

E pra que dançar se não é pra se divertir, né não?

A má notícia é que você pode até aprender a entender a música, mas sem amor à arte, sem ter momentos de intimidade – você e a música, sozinhos, no quarto, no banho, na hora da faxina rodopiando com a vassoura pela sala, cantando junto e feliz a plenos pulmões ou chorando baixinho por causa de uma melodia ou letra que te tocou lá no fundo – não tem jeito.

Saber fazer passos, conduzir bem (ou se deixar conduzir), isso tudo também é fundamental, mas saber interagir com a música é meio caminho andado e ter tesão no que você está fazendo é a outra metade do caminho (já viu dançarino burocrático por aí? tem aos montes!!).

O resto é técnica, e técnica se aprende, sim. Mas paixão… aí vem do coração de cada um. A sua paixão está aonde?

A minha está saindo da caixa de som AGORA.

Deixe uma resposta