Ser pobre é uma merda – mas eu me esforço pra ser limpinha e bem informada

Eu não tenho aparelho de dvd – e que tivesse, ESSE dvd seria difícil de achar. Mas vamos lá, lembra do filme “A Pequena Loja Dos Horrores”?

Não confunda com “A Loja dos Horrores”, o clássico de 1960 dirigido por Roger Corman, que tem Jack Nicholson numa ponta como o paciente masoquista que na refilmagem de 1986 era de Bill Murray. Eu estou falando exatamente da refilmagem. Meu clássico pessoal, que passou esses dias na TNT de madrugada.

Hoje descobri uma coisa terrível sobre a versão de Frank Oz: eles mudaram o final, que já havia sido gravado. Aquele final lindo, com Seymour e Audrey casadinhos, e apenas uma sugestão de uma mini-Audrey II no final foi feito para agradar a audiência, que achou o original muito ‘dark’.

No final original, Audrey é comida por Audrey I (a planta carnívora.. lembram?), e Seymour recebe a proposta tentadora de espalhar as plantinhas pelo mundo e torná-las a grande febre da América – imagine, cada um poderá ter sua própria Audrey II? Pois é isso o que acaba acontecendo. E Audrey II, a danada, faz que vaiagradecer Seymour mas o engole. E aí rola a música “Don’t Feed The Plants”, que não é cantada na versão do filme que passou aqui. Incrível. Eu PRECISAVA ver esse final – que, na boa, transforma “A Pequena Loja dos Horrores” em outro filme. Talvez até melhor. Porque não tem final feliz e Seymour – que matou gente pela ganância de possuir a planta mais ‘hypada’ de Skid Row – acaba tendo o que merece.

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Frank Oz é foda, mas Roger Corman é ainda mais. Corman é responsável por vários filmes inspirados na obra de Edgar Allan Poe: “Premature Burial” (sobre o sujeito cataléptico que tem pavor de ser enterrado vivo), “O Corvo” (“quote the Raven, nevermore!”, nada a ver com o filhote de Bruce Lee!) e mais alguns contos de terror. Tamém é de Roger Corman um dos melhores títulos de filmes da história do cinema: “The Saga of the Viking Women and Their Voyage to the Waters of the Great Sea Serpent”. Isso, em 1957. Roger Corman também me lembra o auge da minha adolescência grunge, de saia xadrez, coturno e jaqueta jeans, despencando de Niterói com papai a esses festivais de filmes trash no Rio de Janeiro.

Acho que foi nesse dia que tentamos ver “Plano 9 do Espaço Sideral”, de Ed Wood, no Estação Botafogo mas a sessão estava lotada, ou já havia começado.

Que bom – aos 14 anos eu provavelmente acharia esse filme bastante sacal. Mas sabe como é, quando vi aos 19 achei uma obra-prima, genial – e minha credibilidade foi por água abaixo novamente, como quando eu digo que Fanta Maçã e Cherry Coke são os melhores refrigerantes do mundo, ou quando digo que “Voltando A nova Iguaçu”, a versão da Neusinha Brizola pra “Back To The USSR”, é, definitivamente, um clássico da mpb.

Então por favor, acreditem e vejam os filmes do Roger Corman com carinho. Não dêem ouvidos à minha credibilidade, que já era, ok?

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